Cuidado pode garantir segurança, além de economia na conta de luz
Parte da estrutura prevista para receber atenção na vistoria das edificações, as instalações elétricas, segundo especialistas, requerem um pouco mais de atenção por parte dos síndicos e administradores em relação às áreas comuns, e dos moradores em relação ao interior das residências. Isso porque, instalações antigas, além de defasadas, dão cada vez menos conta do aumento da utilização de aparelhos eletrônicos que aconteceu nos últimos anos. Instalações em dia diminuem o risco de prejuízos para os moradores e terceiros e garante a boa funcionalidade dos equipamentos. Vale lembrar que a atualização da rede elétrica pode representar uma economia em torno de 30% com gastos na conta de energia.
Em Niterói, de acordo com a lei municipal, o prazo para vistoria da parte elétrica, assim como toda parte hidráulica e estrutural de prédios e condomínios varia entre 5 e 10 anos de acordo com a idade da edificação. No entanto, de acordo com o engenheiro elétrico João Francisco Brandão, toda estrutura elétrica deve ser inspecionada pelo menos uma vez por ano, ou sempre que for alterada, por qualquer razão.
Equipamentos de uso residencial de baixa potência, como sistemas de computadores, impressoras, entre outros, já estão previstos no momento das instalações residenciais, mas, segundo Francisco, a modernidade tem acarretado demandas como escovas progressivas, secadores de cabelos, fornos micro-ondas, fogões elétricos, entre outros, que necessitam cada vez mais avaliações do bom funcionamento dessas instalações.
“A lei obriga os responsáveis a essa inspeção, principalmente nos condomínios com mais de 25 anos. Isso porque, muitas vezes são feitas alterações que podem sobrecarregar circuitos e colocar em risco o patrimônio e as pessoas. Se o condomínio também fizer a vistoria em todos os imóveis, através de visitas programadas, melhor ainda”, explica João, ressaltando que cada um é responsável pelas instalações em sua própria casa.
O problema mais comum que as edificações apresentam na parte elétrica é o uso de fiação antiga, o que acarreta tanto riscos na segurança quanto aumento de consumo de energia, como explica o eletricista, especialista na manutenção da rede elétrica de prédios, Bernardo Campos.
“A cada 15 anos, é necessário que os prédios realizem uma troca de toda fiação, principalmente os mais antigos. Esse é o tempo limite para que um fio funcione bem, depois disso, ao invés de conduzir energia, ele se sobrecarrega e aquece, e como a maioria dos fios antigos não são antichamas, se derretem, aumentando o risco de um curto-circuito, e consequentemente danos ao prédio e aos moradores”, explica o técnico.
Além dos riscos, Bernardo também afirma que um equipamento elétrico defasado aumenta as despesas com energia.
“O custo com a atualização dessas instalações varia de acordo com o tamanho do prédio e do trabalho que vai dar, pois muitas vezes as passagens dos fios estão obstruídas. Mas a segurança não tem preço e pode representar uma economia de até 30% na conta de energia”, destaca o Bernardo.
Carga específica – Já na parte de dentro das residências, uma questão fundamental é saber a carga que cada equipamento demanda, para que as tomadas utilizadas tenham o padrão certo de fiação, como explica a arquiteta Christiane Magalhães. Por isso, para realizar um projeto elétrico e luminotécnico em residência, ela afirma que sempre levanta o máximo de informações sobre aparelhos usados pelos moradores.
“Para cozinha, área de serviço e dependências de empregada, onde ficam geladeira, micro-ondas, chuveiro elétrico, entre outros, estabeleço circuitos independentes das tomadas, com seus disjuntores específicos. Isso porque, quando a energia é interrompida, desligo esses interruptores, para evitar queima das placas dos equipamentos. Banheiros devem ter sempre tomada de 20A para secador de cabelo, com fiação de 4mm. A iluminação que fica sobre a pia, pode ter uma mistura das lâmpadas amarelas e brancas, para não causar distorções no tom da pele, útil principalmente para quem usa maquiagem. Quartos, sala e home theater são mais complexos, cada família tem suas necessidades, mas é importante lembrar que equipamentos de TV, e afins, deverão estar interligados por conduítes 1 1/2” no projeto, para que as fiações de intercomunições possam ser passadas sem retenções”, ressalta a arquiteta.
Após 20 anos, a casa da técnica em enfermagem Sara Figueira precisou de uma reforma elétrica. A despesa de R$ 3 mil, segundo ela, acabou se tornando um excelente investimento levando em conta os benefícios que a nova fiação trouxe.
“Eu reclamava muito com a concessionária, até que começaram os curtos na tomadas e eu entendi que o problema era a estrutura elétrica da casa, isso depois de anos de prejuízos. Cheguei a perder uma geladeira e uma televisão. Toda reforma durou menos de duas semanas. Troquei relógio, alterei a rede para bifásica, troquei os fios e com isso tive até que quebrar algumas paredes. Mas valeu muito a pena: agora a gente não tem mais as quedas constantes de energia, e, principalmente, a conta de luz caiu quase pela metade. Indico a todo mundo fazer esse tipo de reforma”, afirma Sara.
LED e DR
Sobre energia elétrica, um dos itens mais atuais nos novos empreendimentos é a utilização de iluminação em LED, que atualmente estão mais viáveis e representam vantagem muito grande quanto à redução de consumo elétrico em até 95%, explica Bruno Murta, diretor da MP Construtora e Incorporadora.
“Além da iluminação, hoje todos os equipamentos são mais seguros e modernos. Um diferencial bem relevante, que não existia no passado, é o disjuntor DR, um aparelho que é instalado junto ao quadro geral de distribuição de cada residência e quando detecta qualquer fuga de energia, fruto, por exemplo, de qualquer curto-circuito, imediatamente desliga o circuito. Isso impede que o usuário, como uma criança, por exemplo, tome um choque. A segurança que o aparelho representa é tão relevante, que o DR já se tornou inclusive obrigatório em prédios”, destaca Murta.
Os riscos com a negligência das instalações elétricas vão desde o desconforto de ter disjuntores “desarmando”, passando pela impossibilidade de instalação de equipamentos, como ar-condicionado, chuveiros elétricos ou aquecedores, até um incêndio, alerta a engenheira civil Rejane Saute, diretora do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícia de Engenharia (Ibape/SP).
“Para evitar problemas e riscos, todo trabalho elétrico deve ser realizado por um profissional habilitado, capaz de fazer uma inspeção nas instalações e residências e executar as correções solicitadas pelo laudo de inspeção exigido em lei. A fiscalização dos apartamentos não difere da área comum. A vistoria basicamente verifica se os disjuntores são adequados e a existência ou não de ligações inadequadas”, conclui a engenheira.