Conjunto no bairro Ganchinho foi financiado pelo ’Minha Casa, Minha Vida’.Engenheiro da Caixa reconheceu o problema, mas solução parece longe.


Cerca de 1,5 mil moradores de um condomínio no bairro Ganchinho, em Curitiba, vivem com medo de explosões. O local tem um vazamento de gás crônico que, incomoda quem vive no local, pelo menos desde 2013. A situação parece estar longe do fim.

A obra foi realizada pela construtora AM5 e financiada pela Caixa Econômica Federal, por meio do programa "Minha Casa, Minha Vida".

A professora Vânia Felton conta que foi morar no local para fugir do aluguel. Mas apesar de conseguir a casa própria, a família ainda não consegue dormir em paz. "Você mora com medo de poder acontecer uma explosão, em qualquer um dos blocos, e todos os moradores acabarem sofrendo as consequências", diz.

O cheiro de gás está presente em todo o condomínio, tanto dentro, quanto fora dos apartamentos. Os moradores passam os dias com as janelas abertas, temendo que algo possa acontecer. "[O cheiro] vem pelas tomadas e está bem precário onde eu moro. Quando dorme, tem que desligar tudo, porque senão, qualquer dia, a gente acorda com tudo pelos ares", diz a moradora Eva dos Santos.

No início deste ano, o cheiro do vazamento se intensificou e a administração do condomínio emitiu um alerta aos moradores. Durante o dia, eles devem deixar portas e janelas abertas, para que o gás circule e não fique concentrado nos apartamentos.

Desde que o condomínio foi entregue, os moradores tentam solucionar os problemas. Além da construtora e da Caixa Econômica Federal, eles também procuraram o Ministério Público. Os promotores emitiram uma notificação aos responsáveis pela obra, mas nem a empreiteira, nem o banco resolveram o problema.

No sábado (9), um engenheiro da Caixa esteve no condomínio para avaliar a situação. Em um e-mail enviado ao síndico, ele deixa claro o risco aos moradores. "Verifiquei diversos vazamentos e alguns blocos em estado crítico, que sujerimos (sic) que seja fechado o sistema de gás e utilizado gás de botijão. (...) Aconselho os moradores a deixarem as portas e janelas abertas para que o gás não confine e não corra risco de explosão", afirma o profissional no texto.

Em um dos blocos, com 16 apartamentos, a orientação do engenheiro foi seguida. Não há mais fornecimento de gás aos moradores. Mesmo assim, a moradora Martha dos Santos ainda sente o cheiro de gás dos vizinhos e segue com medo. "O gás do pessoal passa pelo meu apartamento. Então, toda vez que eles ligam, o acúmulo de gás fica todo no meu apartamento", conta.

Em nota, a AM5 disse que os problemas foram ocasionados após obras de acabamento realizadas por outras empresas, depois da entrega dos apartamentos. A construtora diz que vem conversando com os moradores e já apresentou algumas propostas para resolver o problema. A Caixa, por sua vez, informou que está fazendo uma vistoria no condomínio e que, se for preciso, vai notificar a construtora para resolver a situação.

A empresa que fornece o gás para o condomínio também se prontificou a ajudar na resolução do problema.