Delegado diz que alemão instalou rabicho de gás errado propositalmente. Markus tinha passagem pela polícia na Alemanha por pedofilia e fraudes
A Polícia Civil do Rio acredita que a explosão que matou o alemão Markus Muller em um prédio em São Conrado, na Zona Sul do Rio no ano passado, não foi um acidente e teria sido provocada pela própria vítima, como informou, com exclusividade, a GloboNews nesta segunda-feira (11). Com base em informações como o laudo pericial, a polícia chegou à conclusão de que o alemão teria instalado o rabicho de gás de forma errada propositalmente.
Os investigadores ainda descobriram que Markus Muller tinha passagem pela polícia na Alemanha por pedofilia e fraudes.
Segundo a GloboNews, o delegado José Alberto Lage está convicto de que o alemão instalou o rabicho de gás de forma errada intencionalmente para provocar a explosão.
Com base nos depoimentos, o delegado também concluiu que Markus era uma pessoa de pouquíssimas amizades e que não tinha empregados domésticos, mas usaria menores da Rocinha para serviços domésticos.
Para convencer os pais desses menores a deixá-los frequentar o apartamento dele, Markus dizia que era empresário de futebol. Porém, o delegado afirma não haver provas de que isso seja verdade.
Dívidas
O delegado disse ainda que Markus estava com dívidas pessoais, bancárias e também devendo aluguel do apartamento onde morava. No inquérito que apurou as causas da explosão, há um ofício do consulado Geral da Alemanha em São Paulo. O documento, ao que a GloboNews teve acesso com exclusividade, diz que Markus Muller teve várias passagens pela polícia na Alemanha.
Em 1998 e 2005, ele foi investigado por abuso sexual de crianças menores de 14 anos.
Em 2000, por abuso sexual de menores dependentes. Em 2008, o alemão respondeu por fraude associada ao crédito e, em 2009, por apropriação indébita de um carro.
O consulado diz não saber se Markus Muller chegou a ser condenado nestas acusações e afirma que não havia mandado de prisão contra ele na época da explosão em São Conrado.
No relatório final do inquérito, o delegado responsável escreveu estar convicto de que o ato de não instalar corretamente o rabicho foi intencional para que a explosão ocorresse, mas não diz o motivo que o levou a essa convicção.
Explosão no apartamento
A explosão no apartamento 1001 do Edificio Canoas, em São Conrado, foi na madrugada do dia 18 de maio do ano passado. O alemão Markus Muller era a única pessoa que estava no apartamento. A explosão destruiu várias unidades do prédio - que está interditado até hoje.
A perícia da Polícia Civil conseguiu imagens do circuito de segurança do prédio da noite anterior à explosão, que mostram o alemão carregando dentro de uma sacola um rabicho que liga a tubulação de gás na parede até o aquecedor.
Os peritos também constataram que o rabicho não foi rosqueado totalmente, o que teria causado o vazamento de gás. De madrugada, quando ele acendeu a luz de um dos cômodos, houve a explosão que causou queimaduras graves em Markus e deixou uma parte do prédio destruída. O alemão morreu dias depois no hospital.