Por que cada vez mais condomínios estão aderindo à tecnologia?
Serviço de portaria remota atrelado a um sistema de vigilância eletrônica tem se consolidado no mercado de segurança condominial como solução simples, barata, segura e eficaz.
Imagine um sistema automatizado de segurança patrimonial, integrando inteligência artificial, controle de trancas e portas, tudo isso monitorado por profissionais especializados através de um sistema de câmeras de segurança. Pois é, ele já existe e há bastante tempo. O Porteiro Remoto, que está na preferência de 220 condomínios no Distrito Federal, segundo levantamento da Portech – empresa especializada em segurança eletrônica. Por ser mais barato, o serviço alcança condomínios de vários perfis econômicos e estruturais.
Segundo a Associação Brasileira de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), em 2019, o Brasil possuía 300 mil condomínios em funcionamento, porém, apenas 20 mil eram atendidos de forma remota. Entretanto, com a possibilidade de reduzir entre 50 e 70% dos gastos em um condomínio convencional, as estimativas para uma rápida expansão são animadoras.
Segundo o engenheiro de controle e automação, Daniel Boaventura, “Com as tecnologias empregadas, o porteiro remoto tem total controle do condomínio, conseguindo abrir e fechar portas e portões, acionar alarme de incêndio, além de conseguir falar com apartamentos como se estivesse dentro do condomínio. O uso de inteligência artificial auxilia o porteiro remoto a tomar as melhores decisões, ajudando-o a enxergar o que sozinho ele não conseguiria. Por exemplo, o sistema consegue gerar um alarme quando uma pessoa entra andando pelo portão de veículos, o que poderia comprometer a segurança do condomínio” explica o engenheiro.
No aspecto da economia, a portaria remota tem conquistado os bolsos de muitos administradores de condomínios residenciais no DF. É que garante o Fabiano Santos, síndico em um condomínio residencial em Águas Claras. “Em 24 meses, tivemos uma economia de quase R$ 200.000,00”. Além disso, para Santos, o uso da tecnologia trouxe um aumento da segurança “agora temos imagem e o cadastro do visitante ou prestador de serviço, sem contar que hoje temos 100% do cadastro atualizado dos moradores”.
Novos tempos
E a inovação também é garantida no mercado de trabalho. Quem trabalhou como porteiro convencional agora pode se qualificar para atuar junto à ferramenta eletrônica. Foi o que aconteceu com Paulo Henrique de Araújo, morador do Riacho Fundo, que atuou como porteiro, entre 2015 e 2017 e constatou que com o uso da inovação no setor haveria necessidade de se qualificar. “Trabalhando como porteiro verifiquei que com a chegada da tecnologia, percebi que o setor iria aprimorar o trabalho e por isso, resolvi fazer cursos no segmento. Trabalhei numa empresa fazendo manutenção e surgiu a oportunidade de trabalhar com a portaria remota, em 2018”, conta.
Paulo explica que se sentia em situações de vulnerabilidade em seu antigo posto de trabalho, como em um momento que no período noturno sofreu ameaças de morador com chutes na porta da guarita, “Fiquei muito vulnerável e quando passei para portaria remota, esses riscos são diminuídos”, defende. Além disso, o profissional enaltece que migrar para portaria remota trouxe possibilidades de crescimentos financeiros e profissionais. “Quando era porteiro, eu pagava prestação da minha casa e as contas mensais que o salário dava para pagar, tinha uma condição financeira muito apertada. Ao migrar para portaria remota, além de ter mais segurança, a minha situação financeira melhorou consideravelmente. Hoje, consegui adquirir o meu veículo próprio, e antigamente eu andava somente de ônibus”, afirma.
Realizado com o novo momento da profissão, ele faz um alerta “Posso dizer pela minha própria experiência que a portaria remota não veio para prejudicar. No início parece complicado, mas a pessoa se aperfeiçoando, é possível conseguir emprego. No condomínio que eu trabalho, por exemplo, todos os porteiros que trabalhavam presencialmente foram contratados para atuar na portaria remota”.
Para o motorista de ônibus e morador de um condomínio que já aderiu esse serviço desde 2015, Neuson Alves, a maior vantagem é o custo-benefício para os moradores, com a redução de quase 60% na taxa de condomínio. “Temos um monitoramento 24 horas e o suporte profissional que faz a ronda, com todo esse apoio que gera segurança, defende.
Projeto de Lei
Entretanto, o deputado distrital Robério Negreiros (PSD) quer tornar obrigatória a presença de um porteiro ou vigilante em todos os prédios e condomínios do Distrito Federal, por meio do Projeto de Lei 1203/2020. A proposta foi aprovada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) e foi encaminhada para o Palácio do Buriti para ser sancionado.
A deputada Júlia Lucy (Novo) votou contra a proposta e defendeu que cabe ao condomínio decidir se opta por um porteiro convencional ou uma solução eletrônica. “Não vamos criar aqui um reserva do mercado. Não vamos obrigar os condomínios a se adequarem a essas normativas, uma vez que os custos dessa mudança serão repassados aos condôminos, que já pagam muita coisa. Não podemos legislar sob o particular”, argumentou.