Nossa reportagem foi a um dos maiores condomínios de Canoas averiguar como anda a situação em meio a pandemia
A Amanda Fraga trancou a Raquelzinha, 10 anos, dentro de casa em definitivo. Vivendo há três anos em um condomínio de Canoas, ela ficou sabendo, através da comunicação interna do prédio, que um dos moradores do local estava com Covid-19. Foi o suficiente para que a microempresária de 34 anos limitasse ao máximo os acessos ao pátio da única filha. "Quem vive em condomínio, sabe que é impossível ficar isolado de todos", diz. "Então estamos fazendo o possível - meu marido e eu - para mantermos a nossa filha longe do risco da doença", continua. "Me apavoro ao ver a criançada correndo no pátio como se nada estivesse acontecendo. Dá medo, porque é tudo muito sério."
A Amanda faz parte de uma parcela consciente da população com o risco gerado pelo coronavírus. Só que nem todo mundo é assim. É por isso que a pandemia tem dado tanto trabalho para quem administra condomínios. Marcelo Feijó é síndico. O trabalhador de 39 atua para a empresa Master Condominial, que administra nove condomínios em Canoas, cinco em Gravataí e dois em Porto Alegre. Conforme relata, triplicou o trabalho durante a pandemia. Isso por conta da demanda gerada pela grande parcela da população que foi obrigada a passar mais tempo em casa. "Nunca trabalhei tanto", afirma. "Há desde a organização da higienização, passando pelos cuidados com as áreas comuns e brinquedos, que precisaram ser isolados, mais o aumento de serviços de manutenção em geral", aponta.
Nossa reportagem encontrou Feijó em serviço, no Condomínio Moradas Club Canoas, no bairro São José, um dos maiores da cidade. Conforme ele, a maioria das pessoas tem seguido à risca as orientações para evitar a contaminação por Covid-19, contudo há quem insista em ignorar regras básicas em tempos de pandemia. "Não é fácil", suspira. "Os brinquedos foram todos isolados, mas ainda existem pessoas que insistem em levar as crianças para brincar. Também têm aqueles que não querem usar máscaras de proteção. A gente conversar, orienta. Nem sempre dá certo, infelizmente", pondera. "O isolamento de áreas comuns, como playground, piscina e quiosques é essencial neste período. É necessário que as pessoas entendam. É questão de saúde."
Também foi somada à função do síndico nos últimos meses a função de monitoramento constante dos pacientes que estão em quarentena em casa. Feijó detalha que mantém contato constante com as autoridades em saúde e também com a Brigada Militar (BM), necessária em alguns casos. "Se a pessoa está infectada com Covid-19, o isolamento deve ser total, como recomendam os médicos. Só que teve gente que não entendeu", conta. "Outro dia, vi um paciente caminhando pelo pátio sem máscara. Fui obrigado a acionar a Brigada para obrigá-lo a voltar para casa. Afinal, síndico não tem poder de polícia", frisa. "É uma pena que tenha que tenha que ser assim, mas este tipo de medida é necessária."
Transparência mais que necessária
Morando há anos em um condomínio, o vereador Dimas Costa revelou, a aproximadamente dois meses, ter sido infectado pelo coronavírus. Por tratar-se de uma figura pública, todos no prédio em que vive foram solidários enquanto durava o período de isolamento do político. Contudo, à parte casos como este, as autoridades em saúde não recomendam a divulgação de informações a respeito de infectados. "Garantimos a transparência necessária e informamos os condôminos sobre tudo o que está acontecendo, porém é nossa preocupação manter em sigilo a identidade de pessoas infectadas pela doença", defende o síndico. "É que cada um reage de forma diferente a este tipo de informação."
Inadimplência nunca foi tão alta
A pandemia gerou desemprego no Brasil e no mundo. Quem vive em condomínio, sabe ser necessário pagar mensalmente o boleto referente a taxa condominial. A inadimplência sempre existiu, é verdade, porém nunca foi tão grande quanto agora. "Piorou muito devido a situação de falta de dinheiro encarada pela maioria das pessoas", lamenta Feijó. "A situação é complicada. Trabalhamos muito com a renegociação de débitos, então estamos com uma taxa de inadimplência em torno de 20 a 25%, porém li a respeito de condomínios que quebraram completamente durante a pandemia", salienta. "É uma pena, mas a gente observa pessoas que sempre pagaram direitinho, mas que se viram em dificuldades até de manter a água e a luz nos últimos meses", acrescenta.
O pior é encarar o barulho
Vivendo no Condomínio Moradas Club Canoas, Andreza Clementino trabalha com recursos humanos. Em home office desde o início do pandemia, sabe que está em situação privilegiada na comparação com pessoas que perderam o emprego nos últimos meses. Ela não tem muitas queixas, a não ser o barulho. Mesmo morando no 9º andar do prédio, ainda acaba tendo problemas tanto durante as reuniões de trabalho por vídeo, quanto pelas aulas online que são feitas pelo filho. "É que sempre tem alguém furando uma parede ou fazendo algum reparo em casa. É preciso se adaptar e se acostumar", comenta, tranquila. Já o motorista José Vargas, 43 anos, não parou em casa durante a pandemia. Ele trabalha quase o dia inteiro e não tem do que reclamar. "Como não paro muito em casa, minha situação é mais simples. Não cheguei a ser afetado por problemas durante a pandemia."
E haja fita de isolamento!
Zelador no Condomínio Moradas Club Canoas, José Ricardo, 42 anos, adicionou tarefas em meio a pandemia, aos serviços de manutenção em geral que executa em horário de expediente. Agora, além de gerenciar o trabalho de elétrica e hidráulica para manter o bom funcionamento dos prédios, é responsável pelo isolamento das áreas comuns do condomínio. E haja fita de isolamento para mentar a criançada longe do playground. Felizmente, os moradores têm compreendido e colaborado com o distanciamento recomendado. "Pessoal entende e ninguém xinga, não", diz.
Os vizinhos animados
Moradora de um condomínio no bairro Nossa Senhora das Graças, a Camila Espada, 37 anos, reclama demais é do barulho dos "vizinhos animados." O problema piorou desde que teve início a pandemia. "Muita gente perdeu a noção quando tudo isso começou. Tenho um vizinho que promove festas no apartamento em plena segunda-feira. Não há quem aguente", desabafa Camila, que chegou até a ligar para a Brigada Militar em certa noite. "Acontece que trabalho desde cedo e não posso me dar ao luxo de passar a noite acordada."
Responsável pelo comando do 15º Batalhão da Polícia Militar (BPM), o coronel Jorge Dirceu Filho aponta que o melhor seria que os condôminos seguissem as regras internas de moradias, evitando o som alto à noite. Contudo, o comandante da BM diz não poder fazer nada quanto a este tipo de chamada. "Seis pessoas em um apartamento não é uma aglomeração. A Brigada tem muito trabalho e precisa se preocupar em proteger a população de crimes graves como assaltos. Não é possível atender a todas as chamadas que são feitas apontando aglomerações."
O pior é encarar o barulho
Vivendo no Condomínio Moradas Club Canoas, Andreza Clementino trabalha com recursos humanos. Em home office desde o início do pandemia, sabe que está em situação privilegiada na comparação com pessoas que perderam o emprego nos últimos meses. Ela não tem muitas queixas, a não ser o barulho. Mesmo morando no 9º andar do prédio, ainda acaba tendo problemas tanto durante as reuniões de trabalho por vídeo, quanto pelas aulas online que são feitas pelo filho. "É que sempre tem alguém furando uma parede ou fazendo algum reparo em casa. É preciso se adaptar e se acostumar", comenta, tranquila. Já o motorista José Vargas, 43 anos, não parou em casa durante a pandemia. Ele trabalha quase o dia inteiro e não tem do que reclamar. "Como não paro muito em casa, minha situação é mais simples. Não cheguei a ser afetado por problemas durante a pandemia."
E haja fita de isolamento!
Zelador no Condomínio Moradas Club Canoas, José Ricardo, 42 anos, adicionou tarefas em meio a pandemia, aos serviços de manutenção em geral que executa em horário de expediente. Agora, além de gerenciar o trabalho de elétrica e hidráulica para manter o bom funcionamento dos prédios, é responsável pelo isolamento das áreas comuns do condomínio. E haja fita de isolamento para mentar a criançada longe do playground. Felizmente, os moradores têm compreendido e colaborado com o distanciamento recomendado. "Pessoal entende e ninguém xinga, não", diz.
Os vizinhos animados
Moradora de um condomínio no bairro Nossa Senhora das Graças, a Camila Espada, 37 anos, reclama demais é do barulho dos "vizinhos animados." O problema piorou desde que teve início a pandemia. "Muita gente perdeu a noção quando tudo isso começou. Tenho um vizinho que promove festas no apartamento em plena segunda-feira. Não há quem aguente", desabafa Camila, que chegou até a ligar para a Brigada Militar em certa noite. "Acontece que trabalho desde cedo e não posso me dar ao luxo de passar a noite acordada."
Responsável pelo comando do 15º Batalhão da Polícia Militar (BPM), o coronel Jorge Dirceu Filho aponta que o melhor seria que os condôminos seguissem as regras internas de moradias, evitando o som alto à noite. Contudo, o comandante da BM diz não poder fazer nada quanto a este tipo de chamada. "Seis pessoas em um apartamento não é uma aglomeração. A Brigada tem muito trabalho e precisa se preocupar em proteger a população de crimes graves como assaltos. Não é possível atender a todas as chamadas que são feitas apontando aglomerações."