Em um dos casos, golpe foi descoberto após uma ligação de cobrança pelo pagamento de empréstimo de R$ 70 mil, realizado em nome do condomínio sem autorização
Um contador é suspeito de falsificar documentos e aplicar golpes em pelo menos nove condomínios de cidades da Baixada Santista, região de São Paulo. Segundo informações obtidas pelo G1 nesta sexta-feira (14), somado, o valor total dos golpes ultrapassa R$ 300 mil.
Até o momento, síndicos de oito edifícios de Santos e um de Praia Grande, no litoral paulista, denunciaram terem sofrido o golpe por parte do contador Caio Luiz Silva dos Santos Scatena, de 29 anos, sócio da Administradora de Condomínios e Bens Silva & Jardim, com escritório no Centro de Santos.
Na tarde de quinta-feira (13), um grupo formado por síndicos, advogados e condôminos foi até o local onde funciona o escritório da empresa. Segundo o relato das testemunhas à Polícia Civil, no imóvel, estava o irmão do contador, também funcionário da empresa, que não permitiu que os representantes pegassem os documentos de cada condomínio.
Eles suspeitaram da ação e acionaram a Polícia Militar, que esteve no local e possibilitou a recolha das pastas dos condomínios representados por cada integrante do grupo. Os documentos serão checados pelos síndicos para o levantamento dos prejuízos. Além disso, também poderão servir de provas materiais dos golpes.
Após sair do local, o grupo se dirigiu ao 1º DP de Santos, onde o boletim de ocorrência foi registrado. Todas as testemunhas serão ouvidas pelo delegado titular Max Pilotto, que registrou o caso como estelionato.
Acesso a contas, falsificações e empréstimos
O síndico do Condomínio Jardim Tropical, no bairro Gonzaga, em Santos, relatou à Polícia Civil que descobriu o golpe ao receber uma ligação de cobrança pelo pagamento de parcelas de um empréstimo realizado em nome do edifício. Síndico há dois meses no prédio, ele afirmou que não tinha conhecimento da transação.
A empresa de crédito para condomínios, com sede na capital paulista, afirmou que foi realizado um empréstimo no valor de R$ 70 mil, liberado para o contador, que mantém vínculos comerciais com o edifício há cerca de dois anos.
Para a liberação do crédito, ele chegou a forjar uma ata de assembleia que nunca aconteceu, com assinaturas falsificadas de condôminos, onde teria sido solicitada a verba do empréstimo destinada a consertos no telhado. Como o contador possuía acesso master à conta do edifício, não precisava de nenhum tipo de autorização para fazer transações.
Além do empréstimo, o banco confirmou ao síndico que o fundo de reserva do condomínio, antes com cerca de R$ 100 mil, está com saldo de apenas R$ 2 mil. O síndico foi informado que todas as transações foram realizadas pelo contador.
Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Rede Globo na Baixada Santista e Vale do Ribeira, o advogado Dárcio Cesar Marques, que representa a Administradora Silva & Jardim, afirmou que a empresa é constituída por outros sócios majoritários e que não tem qualquer relação com as acusações que estão sendo feitas. "Porém, o Caio também já se colocou à disposição da Justiça e irá prestar depoimento na delegacia para esclarecer que está havendo algum equívoco, e que não lesou qualquer condomínio ou edifício sob sua administração", disse.
O advogado salientou, ainda, que a administradora não teria relação com os golpes, caso sejam comprovados pela polícia. "A empresa não tem qualquer relação com os atos praticados particularmente pelo Caio. A empresa é idônea e irá comprovar por meio de documentos que, se houve ilicitude, ela não teve qualquer participação".