Os responsáveis pelo aumento foram os custos com funcionários e as contas de água

O valor do condomínio pago pelos moradores do Rio subiu 62%, nos últimos sete anos, segundo levantamento feito pelo Secovi-Rio (Sindicato da Habitação). No mesmo período, a inflação oficial foi 53%. Por ano, o setor chega a arrecadar R$ 8,3 bilhões. Embora o custo da taxa condominial tenha disparado, entre janeiro de 2012 e setembro de 2019, o tombo no valor da locação dos imóveis na cidade foi de 22%.

Os dados serão apresentados no evento Expo Síndico e o IV Congresso APSA de Síndicos Profissionais e Gestores de Propriedades Urbanas, que ocorrerá entre os dias 29 e 30 de outubro, no Rio.

Além da crise econômica que derrubou os valores dos aluguéis no mercado imobiliário, o alto custo do condomínio tem levado os proprietários a ajustar os valores e baixar o preço da locação para não deixar o imóvel vazio. O preço médio do condomínio em R$ 800 na capital.

De acordo com Maurício Eiras, coordenador estatístico do Secovi-Rio, em 2012, o valor do condomínio representava 16% do valor total da locação de um imóvel no Rio. Sete anos depois, o percentual mais do que dobrou, chegando a 34%.

— É um problema sério no mercado de locação. O preço do condomínio influencia diretamente no preço do aluguel hoje. Neste locais, se não baixar o valor de locação dificilmente vai conseguir alugar. Para o morador, sustentar um valor tão alto também é um grande problema — ressalta Eiras.

Ao todo, no Rio, são 869 mil unidades imobiliárias, onde circulam e moram 2,6 milhões de pessoas.

Vilões

Os maiores vilões, responsáveis por encarecer as taxas condominiais, continuam sendo a folha de pagamento e os custos com pagamento da água. Segundo levantamento do Secovi, embora o gasto com pessoal ainda represente a maior parte do total de despesas (56%), as contas de água tiveram aumento de 96%, em sete anos. O desembolso com pagamento de água constitui 24% do total de gastos.

Além do aumento da tarifa de água e esgoto, a elevação do consumo das famílias também contribuiu para a alta nas contas.

Em média, os condomínios têm 3,9 funcionários. Em um ano, foram pagos R$ 5,7 bilhões em salários e encargos sociais, com a geração de 116 mil empregos.

— Em muitos prédios, a discussão sobre dispensar funcionários para reduzir custos ainda é um tabu. Os encargos sociais são muito altos e gasto com mão de obra também. E se demite um funcionário, como fica a segurança e o cuidado com o prédio? — observa Maurício Eiras.

A inadimplência também tem impacto nas contas dos condomínios e a taxa média de inadimplência está em 12%, segundo o levantamento.

Edgar Poschetzky, gerente de Negócios da corretora Apsa, aposta que a utilização de novos aplicativos pode ajudar a reduzir custos e tornar a gestão dos condomínios mais profissionais. Modelos digitais já fazem prestação de contas online e envio de boletos de pagamento via internet:

— Os aplicativos, por exemplo, ajudam a melhorar a gestão do síndico e o relacionamento com os condôminos, além de ajudar no controle das despesas mensais. Temos a possibilidade de manutenção preventiva com uso da tecnologia para reduzir a chance de um gasto extra, pois evita que o equipamento quebre por falta de reparos. Até se a limpeza do salão de festas não está adequada, o morador pode avisar ao síndico via aplicativo — ressalta Edgar Poschetzky.

A pesquisa do Secovi-Rio também revela aumento de 70%, em média, no valor do IPTU residencial, em dois anos. Em Copacabana, o incremento chegou a 150%. Em um ano, os condomínios pagaram R$ 1,5 bilhão em tarifas públicas.

— A redução dos custos é, sem dúvida, um grande desafio. A gestão de fornecedores de produtos e serviços, e a revisão dos contratos, além de ações preventivas e de conscientização com os condôminos podem ajudar a diminuir o valor da cota condominial — avalia Dil Melo, diretora do Grupo DM Eventos, responsável pela organização da Expo Síndico.