Crédito para condomínios é opção para tempo de ?sufoco?
Seja para quitar dívidas, fazer frente a uma reforma emergencial, a instalação de sistema de placas fotovoltaicas (solares) ou mesmo de individualização da água – um recurso excepcional, para além da criação de cota extra em condomínios, é a utilização de linha de empréstimo voltada exclusivamente para o segmento.
Oferecida por bancos, cooperativas e outras plataformas da área, essa modalidade de financiamento, segundo os especialistas, possui condições “especiais” e, aos poucos, vem se popularizando.
Somente a Condcred – empresa de soluções financeiras para condomínios residenciais, comerciais e de uso misto –, com atuação em todo o território nacional e há um ano no mercado, possui, segundo o diretor de parcerias Simão Koren, R$ 40 milhões em solicitação de crédito.
Ele explica que é um braço operacional da BMP Money Plus, especialista desse “ecossistema” (condomínios), e que o valor máximo oferecido é de R$ 1 milhão, dividido em até 60 meses. A taxa de juros da operação vai depender do “perfil do cliente”, afirma Koren.
O tema, porém, divide quem entende do assunto. Segundo administradores, síndicos profissionais e dirigente de entidade ligada ao setor, mesmo que se configure como uma alternativa para um momento de sufoco – ou mesmo como investimento –, é preciso muita parcimônia na hora de contrair um empréstimo.
Para o presidente do Sindicato da Habitação na Bahia (Secovi), Kelsor Fernandes, primeiro é preciso saber se o condomínio possui garantias e se a maioria aceita.
“Não é muito comum, porque condomínio não tem renda, não tem patrimônio. É propriedade de todos. Vive do rateio das despesas. O síndico ou administrador não tem autorização para sozinho tomar a decisão. Precisa ser discutido em assembleia, ter anuência da maioria, constar da ata”.
“Condômino não costuma assumir esse tipo de responsabilidade. Normalmente, a prática mais comum é criar uma taxa extraordinária para que o condomínio possa formar um fundo de reserva (financeira)”, fala Fernandes.
Por meio da assessoria de imprensa, o Itaú Unibanco informou que possui atendimento comercial exclusivo e dedicado para condomínios, além de limites automáticos para cheque especial para atender às necessidades do dia a dia. E que, para demais linhas de crédito, as solicitações são avaliadas em caráter de exceção.
Síndica profissional com passagens por diversas administradoras de condomínios e atualmente dona do próprio negócio, Eunice Ribeiro chega a dizer que cooperativas de crédito, como a Sicoob – a reportagem tentou contato com a instituição, mas não obteve retorno –, possuem realmente empréstimo com taxa de juros “tentadora”, mas que “síndico com juízo” não o faz.
Ela destaca que para estabelecer a relação comercial é preciso levar a conta, saldo e produtos dos clientes (condomínios) para a instituição, o que “complica um pouco”.
“Já fui muito procurada, eles prospectam associados por todo o país. Só que fica um pouco complicado você tirar a conta de uma instituição sólida e transferir para outra, menos conhecida. Às vezes, um condomínio pouco maior chega a movimentar R$ 1 milhão”.
“É muita responsabilidade. Mesmo a utilização de cartão de crédito, que, se pagando em dia não incide juros, tem ali a anuidade sendo cobrada, às vezes um seguro. Portanto é preciso levar em consideração todos os custos envolvidos. Contudo, o empréstimo pode ser uma alternativa”, diz.
Ainda de acordo com Eunice, o bom síndico tem de se planejar. “É preciso levar a sério o controle da inadimplência, pois isso faz com que a taxa mensal suba ao longo do tempo. Criar um fundo de reserva para não correr o risco de ter sérios problemas. Ele não pode ficar sem pagar a manutenção do elevador, a folha de pagamento – que oferece a segurança, a limpeza do local. Com uma taxa inadimplida recebida é possível até fazer uma aplicação diferenciada, visando no futuro realizar uma benfeitoria, uma pequena obra”.
Alternativa ao rateamento
Ainda de acordo com o diretor da Condcred, Simão Koren, o diferencial da empresa está em, ao contrário dos bancos, não exigir fiador ou avalista para garantir a operação.
“É preciso convocar uma assembleia colocando na pauta o tema em questão, detalhando toda a proposta. Sendo aprovada pela maioria, vamos analisar os últimos três balancetes e estudar a saúde financeira do cliente. Queremos mostrar aos condomínios que existe alternativa ao rateamento”, diz.
“Entendemos do assunto e podemos dar uma orientação que bancos não conseguem. Com o dinheiro é possível contratar o serviço de portaria remota, reduzindo custos com pessoal; ou fazer um retrofit (modernização da fachada)”.
CONFIRA MAIS SOBRE O ASSUNTO
Taxas melhores: Oferecida por bancos, cooperativas e outras plataformas da área, essa modalidade de empréstimo, segundo os especialistas, possui condições “especiais”
Assembleia: É preciso convocar uma assembleia colocando na pauta o tema do financiamento, detalhando toda a proposta. Sendo aprovada pela maioria, serão analisados os últimos balancetes
Sem fiador: Um diferencial em relação aos bancos é que as cooperativas de crédito não costumam exigir fiador ou avalista para garantia da operação