Cedae prometeu pagar prejuízos em um mês, mas já se passaram dois meses. Orçamentos também estão bem abaixo do valor real das perdas

 

A Cedae prometeu indenizar 54 famílias que perderam tudo com o estouro da adutora em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O estouro aconteceu há dois meses e a promessa era de que os prejuízos seriam pagos em um mês, mas até agora nada foi feito.

Na época, a administradora Mara Suyara teve um grande prejuízo e quase perdeu o cachorro afogado. “Nosso prejuízo deu em torno de R$ 60 mil. Eles deram um prazo inicial de 15 dias úteis e já vai fazer dois meses e a gente não recebeu nada”, disse a administradora.

Mara teve que ir para um hotel oferecido pela Cedae, mas, o que ela quer, é poder recomeçar a vida em sua casa.

“A gente estava aqui com a casa toda montada. Eles vêm destroem tudo, com discurso de que a gente ia receber melhor ou igual ao que a gente tinha e a gente não está vendo essa realidade acontecer. O aniversário do meu filho foi no hotel, Natal vamos passar no hotel, tenho que vir em casa todo dia por causa do meu cachorro, eles negaram hospedagem para o meu cachorro”, reclama Mara.

Eles também negaram pagar o valor que a engenheira Patrícia Dutra apresentou. Ela fez três orçamentos e a média de preço ficou em R$ 48 mil. Só que ela disse que a Cedae apresentou também três orçamentos e o mais barato ficou em R$ 23 mil. Mas no documento eles colocaram que com R$ 400 dava para pagar todas as panelas que ela perdeu. E ofereceram ainda, para pagar todos os alimentos perdidos na dispensa: R$ 100.

“Diante da situação, 55 dias depois sem dinheiro, sem nada, recebo a informação de que fomos enganados é assim que eu me sinto. Valor inferior, sem qualidade nenhuma e quem viu levando viu que eram produtos de qualidade”, disse a engenheira.


Cinquenta e quatro famílias que moram no Condomínio Residencial Pomar do Mendanha, em Campo Grande, estão passando por esse mesmo sufoco. E, segundo os moradores, somente seis pessoas receberam parte do pagamento da Cedae.

“Num valor que não é justo, vem abaixo da média, é bem abaixo do valor do material perdido”, disse o síndico Walter Pessoa.

Até agora o condomínio também não recebeu o pagamento pelo prejuízo causado. A adutora rompeu e foi consertada, mas o muro do condomínio continua quebrado. Então, os moradores improvisaram e colocaram um tapume, mas no caso do portão, não teve improviso. Ele continua quebrado e fica sempre aberto.

“Diversas vezes deram vários prazos para pagar, não cumpriram nenhum prazo. E o condomínio em si, dei para eles o orçamento, e nem viram isso ainda”, disse o síndico.

Também não deram nenhuma previsão para o comerciante Reginaldo Cardoso Correia. A casa dele foi muito atingida no dia que a adutora rompeu. O que ele espera agora é que a consideração com todos os moradores seja do tamanho do prejuízo que eles tiveram.

“Esse é o Natal que a Cedae está proporcionando aos moradores do Mendanha, A gente está aqui desassistido, Só palavras para conforto, a gente resolve, atendem a gente. Só que o tempo está passando, as pessoas precisam voltar para a residência, destruíram lares. A gente fica muito triste com isso”, disse o comerciante.

A Cedae disse que paga os moradores na ordem de quem entregou toda a documentação primeiro, para pedir os ressarcimentos. E prometeu que vai continuar pagando, nas próximas semanas, mas não deu nenhum prazo para concluir o processo. Afirmou, ainda, que dezenas de famílias já receberam o dinheiro e que mantém uma equipe de plantão para resolver a situação de quem perdeu a casa.

A empresa negou a informação de que os orçamentos estão abaixo dos valores reais e disse que compara os valores apresentados pelos moradores com itens similares vendidos em lojas.