Segundos de descuido podem ocasionar uma fatalidade
Acidentes envolvendo crianças que moram em condomínios vêm acontecendo com frequência. Os cuidados devem ser redobrados especialmente em relação a elevadores, garagem, escadaria, piscinas, playground e áreas de acesso restrito como caixas d’água e casa das máquinas.
Morar em condomínio para algumas pessoas é sinônimo de segurança, no entanto, a atenção para as crianças deve ser redobrada, pois há muitos locais que podem ocasionar acidentes, uma vez que sem ninguém por perto para socorrer em caso de emergência, um mal súbito pode terminar em fatalidade.
Pode parecer impossível, mas em São Paulo, por exemplo, uma criança de seis anos morreu enquanto brincava em um parquinho da cidade. O menino foi atingido na cabeça por um balanço construído para cadeirantes. Uma situação que ninguém imaginava que poderia acontecer.
A operadora de telemarketing Thaynan Barreira Soares costuma deixar a filha, de 6 anos, ir sozinha ao parque do condomínio, que é próximo ao bloco onde reside. Segundo ela, no parque costuma ter adultos em volta, e o local não oferece riscos para as crianças como circulação de veículos, ou algum acesso ao terraço do condomínio.”Todos os dias ela desce com as amigas, mas eu estou sempre atenta, vou no parque fiscalizar em alguns momentos”.
A administração do condomínio deve proporcionar a segurança do local, mas a responsabilidade são dos pais ou responsáveis. Crianças desacompanhadas na piscina, brinquedos no playground, tomadas de alta-tensão no salão de jogos, são algumas situações que geram riscos de acidentes para as crianças.
Segundo a síndica Ana Flávia Sales, o prédio no qual administra, cerca de mil moradores, tem algumas regras como na piscina, brinquedoteca, sala de jogos, playground e quadra, menores de 12 anos devem estar acompanhados de seus pais ou responsáveis. “Vejo que as crianças atualmente não são assistidas pelos pais nesses locais, e aí temos que fiscalizar e cobrar”, relata a síndica.
A síndica revela ainda que os pais alegam que o condomínio apresenta segurança e não demonstram preocupação quando é relatado.
Nunca multamos por esse motivo, pois na legislação temos o direito de ir e vir e podemos também ser cobrados por isso. Fazemos cartazes educativos, e já aplicamos advertência por escrito. Eles geralmente alegam que por estar dentro do condomínio é seguro, e não se espantam quando falamos da movimentação de pessoas, dentre elas prestadores de serviços, entregadores diversos, visitantes, e os próprios moradores.
Eles de fato negligenciam o zelo pelos menores.
Temos câmeras, mas elas não cobrem 100% cada pedacinho do condomínio. E na nossa realidade, Condomínio De La Flor tem 408 apartamentos, em média 1.100 moradores.
O que de mais delicado tem nesse assunto é que se acontece algo com a criança os pais querem processar o condomínio, culpam os síndicos, os funcionários, sabendo eles que não somos babás, que temos nossa responsabilidade legal de cuidado e obrigações com a área comum, não com os filhos deles, mas ainda assim é mais fácil transferir suas responsabilidades do que assumi-las.
REGULAMENTO
O Estatuto da Criança e do Adolescente diz que até os dozes anos o indivíduo é considerado uma criança, e após essa idade, até os 18 anos é considerado adolescente. Portanto, devido a essa determinação, alguns condomínios, não permitem que crianças menores de 10 anos circulem pelas áreas comuns sem a presença de um responsável. Cada condomínio tem o seu regulamento interno e estabelece suas próprias regras e os pais são os principais responsáveis pelos filhos. O condomínio só será responsabilizado por algum dano ao menor caso não esteja com a manutenção do local em dia.
Na quinta-feira um vídeo foi divulgado na internet onde três crianças, entre 8 e 12 anos, estavam no terraço de um prédio de 23 andares, no Setor Bueno, em Goiânia. No vídeo, as crianças aparecem andando tranquilamente e uma delas chegou a se debruçar no parapeito e outra subiu nas escadas da caixa d’água.
No dia 20 de fevereiro, uma criança foi vista pela vizinhança caminhando, tranquilamente, na janela do quarto para a sacada, em um prédio, também em Goiânia, no nono andar. O menino chegou a ficar em pé no parapeito da sacada. O apartamento tinha rede de proteção e segundo os vizinhos, um adulto apareceu no local 11 minutos depois, e só pegou a criança pelo braço e entrou.
O sistema de tabulação de dados de óbito e outras ocorrência do Datasus mostra que, desde 1996 a 2013, no Brasil, 607 crianças de 0 a 14 anos morreram após cair de um edifício, no total foram em torno de 33 mortes por ano. Em 2014, foram internadas 567 crianças após cair de edifícios.