O feedback dos moradores

Conhecer as expectativas dos moradores é uma importante ferramenta para o síndico definir metas objetivas para a gestão

 

 

Condomínio é um bem comum a um determinado grupo de pessoas que, pelos mais variados motivos, reúnem-se para viver em comunidade e compartilhar responsabilidades. Mas para os que compõem essa comunidade, o que é mais importante? Para muitos, o bem-estar: viver em um local agradável, bonito e que lhes dê qualidade de vida. Para outros, viver em um local seguro é o mais importante. Já para outro grupo, o condomínio significa um investimento e, como tal, deve manter uma estrutura organizada e com valorização no mercado.

O Jornal dos Condomínios foi ouvir a opinião de condôminos de várias áreas de atuação e diferentes bairros. Confira nesta página o que eles pensam do lugar onde moram e o que poderia melhorar em termos de infraestrutura e de convivência. 

INTEGRAÇÃO E INFRAESTRUTURA

Ao apontar cinco itens básicos para um convívio saudável em condomínios - boa convivência, respeito mútuo, observância das normas, ética e companheirismo - o economista Rogério Hercilio Rupp só tem elogios para o residencial onde mora com a família há três anos, desde a inauguração do empreendimento. Localizado em Campinas, São José, o prédio tem 14 andares e possui 66 apartamentos.

“Um grande diferencial é o vínculo de amizade que se criou entre uma parcela de moradores, com destaque para a confiança, companheirismo e muita participação em eventos que periodicamente realizamos como festas temáticas e comemorativas de aniversários e datas especiais. São encontros que promovemos para bater papo e degustar algo feito por algum dos condôminos”, diz Rogério.

Aos 72 anos e com a saúde em forma – corre oito quilômetros diariamente na Beira-mar de São José e exerce o cargo de Ouvidor da Secretaria de Infraestrutura de Santa Catarina, Rogério destaca outro ponto positivo no condomínio: a administração. “Ela reúne uma equipe feminina, formada por síndica e conselheiras, todas capacitadas, dedicadas e muito atuantes na gestão do residencial”, ressalta Rogério, lembrando que o local e a estrutura do prédio também contribuem para o bem-estar dos moradores. 

“Trata-se de um edifício com ótima localização, próximo a todos os tipos de serviços necessários, e dispõe de um salão de festas com capacidade para 70 pessoas, uma academia muito bem montada na cobertura que atende bem às necessidades daqueles que buscam se exercitar. Aqui temos um belo jardim com parquinho para as crianças, além de gerador próprio para suprir energia em caso de falta, para as atividades essenciais, tais como elevadores e luzes de áreas comuns”.

A exemplo de Rogério, a fisioterapeuta Marina Furlan de Souza, 26 anos, também destaca como ponto positivo no condomínio em que mora a organização de festas e confraternizações durante todo o ano para integração dos vizinhos. Há quase dois anos residindo em um condomínio no bairro Campinas, junto com a mãe, Marina diz que tem uma comissão de condôminos que promove as festas. “Além das tradicionais como Natal, que foi realizada recentemente, o grupo organiza feijoada, carreteiro, noite da pizza, e outras. A divulgação dos eventos é feita através de cartazes colocados nos elevadores”, comenta Marina.

Para a fisioterapeuta, a atuação do síndico também merece destaque. “Ele é competente e proativo. Não espera os equipamentos estragarem para depois arrumar. Pelo contrário. Agora mesmo tinha uma porta que estava sempre aberta, ele sugeriu na assembleia comprar uma nova para melhorar a segurança. Outra preocupação é com os idosos. Um bom exemplo é o banco que foi colocado no hall de entrada do prédio para as pessoas idosas pegarem sol. O síndico está sempre melhorando as condições de uso do prédio”, argumenta Marina.

O condomínio tem 15 andares, 112 apartamentos, vigilância 24 horas e playground (que foi substituído recentemente). “O único problema aqui no prédio é o barulho provocado por vizinhos que moram em cima do meu apartamento”, brinca a fisioterapeuta.

LAZER E SEGURANÇA

Moradora recente de um condomínio em São José, a advogada Vanessa Garcia Goulart, 34 anos, acredita que as principais características que as pessoas buscam em um condomínio são a qualidade de vida e a segurança. “Morar em uma casa, atualmente, exige muito de seus proprietários, pois não se trata de pagar um valor designado como o que ocorre em condomínio, mas sim inúmeras outras despesas de manutenção. Penso que é preferível dividir o custo dessas tarefas unindo o útil ao agradável e, dessa forma, desfrutar de tudo que há, porém com um custo mais baixo e assim utilizado por todos moradores. E, em consequência, nasce a afinidade e até mesmo uma amizade entre os vizinhos”, argumenta. 

Casada e com uma filha de dois anos, Vanessa afirma que ela e o marido escolheram o atual residencial para morar devido à área de espaço comum e a proximidade com o trabalho. “Aqui temos uma boa infraestrutura: salão de festas, piscina, brinquedoteca, academia, playground e quadra de esportes”, atesta a advogada. O condomínio tem um bloco com 14 andares e cerca de 10 apartamentos por andar. 

“Nasci numa cidade de interior e tive a feliz oportunidade de crescer rodeada de amigos e vizinhos, brincando na rua. Só que hoje a situação é diferente, a começar que moro numa cidade bem maior. Portanto, jamais teria coragem de deixar minha filha passear de bicicleta sozinha no bairro em razão da segurança. Por isso, percebo que cada vez mais é grande o investimento nas áreas comuns dos condomínios, justamente para que as pessoas possam fazer tudo ou quase tudo que têm vontade, só que de uma forma mais segura”, assinala.

CONVIVÊNCIA

Respeitar o limite do privado e do coletivo. Essa é a regra básica para se viver em condomínio, de acordo com a arquiteta Silvia Lenzi, 67 anos. Para ela, alguns moradores de condomínios deveriam ser mais tolerantes diante de pequenos fatos como barulho de festas e de brincadeira de crianças. “Têm pessoas muito intransigentes e rigorosas demais. Muitas se tornam até neuróticas e ficam iguais a ‘cão de guarda’ do condomínio, vigiando tudo o que sai do regulamento. Conheço pessoas que se mudaram de prédios por causa desse comportamento”, lamenta Silvia.

Segundo ela, a postura de certos condôminos em denunciar barulho de festas acaba tolhendo o bom relacionamento dos vizinhos com os seus amigos. “Tem que haver algumas concessões para se ter moradores mais felizes”, aponta a arquiteta, dizendo que, no seu caso, se sente uma privilegiada pela relação saudável da vizinhança.

Moradora há 20 anos no bairro Bom Abrigo, Silvia diz que se sente muito bem no lugar que escolheu para morar. “O prédio obedece ao afastamento de outros empreendimentos, o que permite a ventilação, a entrada do sol, ao contrário dos condomínios localizados na Beira-mar Norte, por exemplo, todos encostados um ao outro. Também os serviços de limpeza e de segurança são ótimos, realizados por uma administradora”, avalia.

Depois de morar por 10 anos em uma casa no bairro Estreito, a bibliotecária Kátia Firmo, 46 anos, foi morar no que mais gosta: em um condomínio de apartamentos. “Tem mais segurança e é mais fácil de limpar”, confessa. Há quase dois anos residindo em um condomínio no município de Biguaçu, ela e os dois filhos resolveram apostar num local mais seguro, com taxas mais acessíveis e com uma boa estrutura de lazer. 

“Aqui temos portaria 24 horas, dois salões de festa, uma churrasqueira e um espaço gourmet em cada bloco, campo de futebol e playground”, diz Kátia. O residencial tem oito blocos, cada um com quatro andares e oito apartamentos por andar. Além do síndico geral, cada bloco tem um subsíndico e todos moram no local. “Temos um bom relacionamento com os profissionais, pois são atenciosos, estão sempre presentes e a limpeza é impecável. Vejo sempre três serventes limpando as áreas sociais”, elogia Kátia.

Ela relaciona apenas uma queixa que, segundo ela, é simples de revolver: maior conscientização por parte dos vizinhos para respeitar as normas do condomínio. “Como moro no andar térreo, acabo sofrendo mais que os outros condôminos: as pessoas sacodem a toalha de mesa na janela, colocam travesseiro na janela para pegar sol, fazem barulho com sapatos, entre outros”.

OPINIÃO

O QUE FALTA NO MEU CONDOMÍNIO

Acredito ser um problema nos prédios mais antigos a falta de espaço para acomodar os recipientes para reciclagem de lixo e coleta de óleo. Também acredito que deveriam reservar um espaço para os animais de estimação, o chamado pet place. Seria uma boa iniciativa, especialmente para os moradores da terceira idade. Muitos idosos têm dificuldades de locomoção, quase sempre estão sozinhos, e os cães seriam uma companhia e uma forma de socialização.
Silvia Lenzi, arquiteta

O que poderia mudar em meu condomínio é em relação ao barulho provocado por vizinhos dentro dos apartamentos. Deveria ter uma regra mais clara e com penalidades devidamente explicadas.
Marina Furlan, fisioterapeuta

Apesar de novo, sempre há melhorias a serem feitas no condomínio, questões que vamos observando com o tempo e analisando aos poucos para serem colocadas em pauta nas reuniões de condomínio. Acredito que precisaríamos da instalação de mais câmeras de segurança, ar-condicionado no salão de festas, ducha para piscina e talvez um playground mais equipado.
Vanessa Garcia Goulart, advogada

Acredito que uma campanha educativa poderia resolver o problema do meu condomínio. São coisas simples que os moradores podem deixar de fazercomo não colocar roupa nas janelas, não sacudir toalhas na janela, não fazer barulho com sapatos. É preciso entender que eles não moram em uma casa, mas sim num local que reúne um grupo diferente de pessoas. 
Kátia Firmo, bibliotecária

Questionário ajuda o síndico a traçar prioridades para a gestão

Escutar o que pensam os moradores sobre o local em que vivem e quais as mudanças gostariam para seu condomínio é um fator determinante para o síndico projetar melhorias na gestão e ter mais assertividade nas decisões a serem tomadas.

Pensando em auxiliar o síndico a definir prioridades, aumentar a participação dos moradores nas decisões e conhecer os pontos fortes e fracos em diferentes áreas do condomínio, o Jornal dos Condomínios elaborou uma pesquisa de satisfação direcionada aos moradores.

Com a aplicação da pesquisa, o gestor vai ter o feedback dos moradores e as informações necessárias relativas a infraestrutura, convivência, sustentabilidade, saúde financeira, gestão, prestação de serviços, saúde, lazer e segurança para potencializar suas ações.