Relatos vindos de vários bairros de Florianópolis indicam que empresas atuam de má-fé e causam sérios prejuízos aos condomínios
Um alerta disparado pela Administradora Plac Condomínios, de Florianópolis, foi o suficiente para colocar os síndicos em prontidão.
Supostas prestadoras de serviços estariam percorrendo condomínios para vender “terra adubada” e, aproveitando a ausência do síndico ou do zelador, estariam despejando o produto nos jardins sem autorização prévia. O fato, reincidente, pegou muitos síndicos de surpresa e a cada dia surgem novos relatos da atuação dessas empresas em vários bairros da Grande Florianópolis.
Pelo menos dois condomínios – um na Ilha e outro na região continental - sofreram com o episódio que acabou, entre outros problemas, gerando um Boletim de Ocorrência (BO). No primeiro caso, três homens fortes chegaram em frente ao condomínio com uma caminhonete e, como a síndica não estava, ligaram para o celular dela.
Ao telefone, ofereceram um carregamento de terra no valor de R$ 20,00 cada saca. Por sua vez, a síndica pediu para esperar, já que ela estava fora do condomínio.
Mas não foi o que aconteceu: Quando ela chegou, a terra já estava espalhada no jardim que fica na parte externa do residencial. Mesmo reclamando da situação, a síndica foi coagida a preencher três cheques pré-datados – cada um no valor de R$ 900,00 – relativos ao material e à mão de obra utilizados no serviço.
Desconfiada diante do alto preço e ao descobrir com a antiga síndica que os mesmos já haviam praticado trabalho semelhante, ela correu ao banco e conseguiu sustar dois cheques, mas um deles já tinha sido descontado.
Munida da Nota Fiscal dada pelos suspeitos – uma empresa de Viamão, do Rio Grande do Sul – a síndica foi à delegacia e fez um BO.
O segundo caso foi semelhante. Os mesmos homens estacionaram em frente ao prédio e comunicaram ao zelador que estavam vendendo terra adubada. O zelador, então, ligou para a síndica e, como estavam em obras no condomínio e realmente precisando do serviço, ela aceitou combinando valor e quantidade a ser depositada nos dois jardins, frente e fundos.
E novamente agiram de má-fé. Disseram que jogaram mais de 100 sacas de terra, quando, na verdade, espalharam só a metade, calcula a síndica que acredita que eles trazem na carroceria do caminhão vários sacos vazios para enganar o cliente. Resultado: exigiram dois cheques de R$ 2 mil cada um. Também desconfiada, a síndica ligou para o telefone da empresa de Viamão da Nota Fiscal e a atenderam de um bar. Ela, então, correu para o banco para sustar os cheques, mas os dois já tinham sido descontados.
Ética na prestação de serviços
O síndico profissional, Rafael Irani da Silva diz que muitas vezes as empresas chegam num momento em que o síndico está precisando do produto e compram na boa-fé.
CUIDADOS
Síndico profissional, o advogado Rafael Irani da Silva, também já sofreu na pele o problema, mas desta vez com limpeza de caixa d’água.
Diante de vários casos de empresas que atuam com má-fé no mercado, ele dá algumas dicas para não cair “na conversa” de empresas antiéticas que fazem promessas enganosas (veja o box). “Muitas vezes as empresas chegam num momento em que o síndico está precisando daquele produto, daquele serviço e essa situação acaba criando uma “armadilha”,diz Rafael.
Rafael lembra que o alerta serve para qualquer área como, por exemplo, no segmento de serviços de dedetização. O síndico precisa ficar atento porque as empresas precisam estar legalizadas junto à Prefeitura e somente com alvará e as licenças em dia é possível comprovar que essas empresas utilizam produtos autorizados pela Vigilância Sanitária. Se for utilizado algum produto tóxico ou proibido pela legislação o síndico pode responder pelos danos.
DICAS
• Não comprar por impulso;
• Pedir contato para retornar a ligação mais tarde;
• Pesquisar CNPJ e local da empresa;
• Verificar junto ao Procon a credibilidade da empresa;
• Pegar referências com outros síndicos;
• Desconfiar de preços abaixo do mercado.