Suspeito foi preso em prisão preventiva pela prática do crime de organização criminosa
Agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco/IE) prenderam, na tarde desta quinta-feira, um homem suspeito de integrar um grupo paramilitar que age na Zona Oeste da cidade. Alexsandro Morais da Silva, conhecido como Cabeludo, era síndico de um condomínio do programa habitacional “Minha casa, minha vida” na região.
Segundo os investigadores, Alexsandro assumiu a gestão do conjunto Aterrado do Leme II, em Santa Cruz, em 2015. Desde então, ele impôs aos moradores o pagamento de taxas estabelecidas pelos milicianos.
Contra o suspeito, foi cumprido um mandado de prisão preventiva pela prática do crime de organização criminosa, decretado pela 1ª Vara Criminal de Santa Cruz. Ele foi conduzido à sede da Draco, na Central do Brasil, e em seguida ficará sob custódia da Polinter, para dar entrada no sistema prisional.
No processo que tem Alexsandro como alvo, ainda de acordo com a Draco, outras 24 pessoas são acusadas do mesmo crime. Dessas, 15 já foram presas e estão à disposição da Justiça.
‘Minha casa, minha sina’
No início de 2015, na série de reportagens “Minha casa, minha sina”, o EXTRA mostrou que todos os 64 condomínios do programa de habitação federal destinados aos beneficiários mais pobres existentes na cidade à época eram alvo da ação de grupos criminosos. No levantamento, foi revelado que as três unidades do Aterrado do Leme, inauguradas em junho de 2014, já sofriam com a atuação de paramilitares.
Um dos encontros com os milicianos se deu na área de recreação infantil, já tarde da noite. Os paramilitares foram chamados pelos próprios moradores, insatisfeitos com um casal que fumava maconha com frequência dentro de seu apartamento. Reincidentes na queixa sobre o forte cheiro da droga, os dois foram retirados de casa à força e levados para o parquinho. Ao lado do balanço, um dos três homens responsáveis pela abordagem decretou a expulsão e disparou: “Que sirva de lição pra todo mundo”.
Ao todo, nos 64 conjuntos visitados pelo EXTRA, moravam 18.834 famílias submetidas a situações como expulsões, reuniões de condomínio feitas por bandidos, bocas de fumo em apartamentos, interferência do tráfico no sorteio dos novos moradores, espancamentos e homicídios. Mais de 200 pessoas foram ouvidas para a elaboração da série, entre moradores, síndicos, policiais civis e militares, promotores, funcionários públicos e terceirizados, pesquisadores e autoridades. Além disso, foram analisados documentos da Polícia Civil, do Ministério Público, da Secretaria de Habitação, do Disque-Denúncia, da Caixa Econômica e do Ministério das Cidades, parte deles obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.