Prédio tem 165 metros de altura e é o segundo mais alto de São Paulo. Aventura durou 3 segundos de queda livre e 10 segundos de voo até o chão.
Uma dupla de paraquedistas realizou a proeza de saltar de paraquedas ao alto dos 165 metros do Edifício Itália, no Centro de São Paulo, na quarta-feira (16). O prédio é o segundo mais alto da capital paulista e tem mais de 40 andares. A edificação é considerada um dos ícones da arquitetura paulistana e é ponto turístico da cidade.
A prática de saltar de paraquedas do alto de edifícios, pontes, penhascos e antenas é conhecida como base jump. O esporte é considerado um dos mais perigosos do mundo. No salto desta quarta-feira, os dois fizeram três segundos de queda livre e dez segundos de voo até o pouso.
Arthur Zanella e Thiago Negão planejaram a aventura por cerca de um mês. Eles estudaram o acesso ao topo do prédio e o restaurante Terraço Itália, que fica no 40º andar. "A gente estudou o lugar por meio de fotos, mas a gente só sabia como era o espaço da visitação, onde os clientes ficam e saem para fumar", disse Zanella.
O plano
Ainda em terra firme, os dois amigos analisaram o tempo de fechamento dos semáforos da Avenida Ipiranga. "Tem muita fiação aérea, de trólebus e por segurança a gente escolheu pousar no meio da rua. Por isso calculamos o tempo que os carros ficavam parados. Como era bem tarde, saltamos por volta das 22h30, o trânsito na região já era mais calmo", disse Zanella.
O passo seguinte foi subir até o topo do edifício, mas a dupla de amigos aproveitou para jantar antes da aventura. "Jantamos e bebemos uma garrafa de vinho. Pagamos a conta e fomos ao banheiro nos preparar para o salto. O lugar é muito chique e já gente percebeu que estávamos sendo observados com mais atenção. Todos estavam bem vestidos e nós dois vestidos de calça jeans, camiseta e mochila nas costas", explicou Zanella.
Já vestidos com os paraquedas, os dois ligam as câmeras em seus capacetes ainda na única cabine do banheiro. Eles esperam um dos clientes que estava no mesmo ambiente sair e seguem em disparada até o parapeito do terraço. "A gente correu, passou pelo elevador, passou pela recepcionista do restaurante e abriu a porta que dá acesso ao lado externo. A moça veio gritando atrás de nós e chamou os seguranças. Ela chegou a se pendurar no paraquedas do Negão para evitar que ele fizesse o salto", disse Zanella.
Após o pouso, a dupla recolheu rapidamente o paraquedas e desceu até o Metrô República, onde guardaram o equipamento na mochila e seguiram para comemorar em um bar paulistano.
Terraço Itália
O departamento de marketing do restaurante Terraço Itália informou ao G1 que os dois não pediram autorização para fazer o salto, agiram como clientes normais da casa. O único detalhe que chamou a atenção do estabelecimento foi o tempo que ficaram no banheiro. Isso chegou a chamar a atenção da gerência e dos seguranças no local, mas sem imaginar o que eles fariam em seguida.
Há cerca de cinco anos o parapeito do lado externo do restaurante recebeu reforço de vidros blindados com dois metros de altura, mas isso não foi empecilho para a dupla de paraquedistas realizarem o salto.
Chama o síndico
José Arnone, síndico do Edifício Itália, disse ao G1 que está aguardando um posicionamento do condômino para saber se vão acionar a Justiça contra a dupla. "Foi uma coisa foi muito esporádica. Não é permitido fazer isso, é proibido. Nunca autorizamos e nem iremos autorizar. Já ocorreu um salto como esse há muitos anos, também sem autorização. Foi uma surpresa, que foge do nosso controle."
Arnone disse ainda que "todos os cuidados são tomados, tanto pelo Terraço Itália como pela administração do prédio". Ele relatou que evitou outras ações de risco no local. "Já conseguimos coibir a ação de pichadores. É inusitado mesmo. Também conseguimos deter o francês que costumava escalar prédios apenas com as mãos".
O francês Alain Robert, mais conhecido como ‘homem-aranha’, foi preso ao tentar escalar o Edifício Itália em 2008. Dois dias depois da primeira tentativa, ele conseguiu subir e descer pela fachada do prédio.
A administração do Edifício Itália está analisando o caso junto com o restaurante para decidir por uma eventual providência jurídica. "Se o condômino, que é o restaurante, decidir por alguma decisão pública, se há enquadramento criminal, nós ajudaremos com o que for preciso. Temos as câmeras de segurança que registraram a entrada dos dois até a porta do restaurante."