Pedro Luís utiliza tempo livre para cuidar das flores; vizinhos apoiam causa. Ele utiliza capacetes, vasos sanitários e pneus para plantar e decorar área.

O porteiro Pedro Luís Salvagni, de 50 anos, iniciou o cultivo de um jardim em um terreno que antes era utilizado como "lixão" no bairro Astúrias em Piracicaba (SP). Com a ajuda de um colega, ele limpou e começou uma plantação no local, mesmo com a descrença das pessoas. O jardim floresceu, e atualmente, tem apoio da comunidade. No espaço, capacetes, sanitários e pneus viram vasos.

Salvagni disse ao G1 que todos os dias ele encontra novas mudas que os vizinhos deixam no pé de uma árvore, já sabendo que ele vai plantar. Com determinação, o jardim ficou florido em cerca de três meses de trabalho."Antes, víamos muita sujeira, lixo, então pensamos que a única solução seria plantar”, contou. "Hoje, o jardim é colorido e repleto de flores", comemorou.

Alegre, o porteiro contou ao G1 que não tem dia de folga e rega as plantas diariamente. "Eu acordo cedo e vou cuidar. Até no domingo, depois da missa, eu venho aqui", afirmou. A esposa dele, Silene Alves Salvagni, de 54 anos, apoia a causa desde o começo e conta que o bairro todo ajuda. "A iniciativa foi do Pedro e do amigo dele, mas depois todo mundo ’abraçou’ a iniciativa", disse.

Reciclagem

Salvagni explica que ele usa coisas que normalmente iriam para o lixo como vasos. Capacetes, vasos sanitários, pneus velhos. "Tudo vira vaso. O que é lixo para uns, é tesouro para outros", ressaltou.

Pedro contou que viu alguns pedaços de bambus jogados e fez dois bancos para enfeitar o jardim. Ele disse ainda que as pessoas não acreditavam que iam crescer flores, porque o local era repleto de sujeira. "O pessoal não acreditava que ia vingar, que iam crescer plantas aqui", lembrou.

Com esperança, Pedro contou que tem planos para que o jardim cresça mais ainda e que pretende enfeitá-lo. Ele disse que o que antes era lixo, agora é frequentado pelos vizinhos. "O pessoal vem pegar frutas agora, tira fotos, trás criança pra brincar", explicou.

A dona de casa Carmem Oliveira, de 57 anos, que mora nas proximidades do jardim, disse ao G1 que vai todos os dias passear com o neto de um ano.

Ela leva a criança para conhecer a beleza das flores. "Eu trouxe até plantinhas pra ajudar", contou. "Está muito lindo aqui, todo dia a gente vem", completou.

Contribuição

A iniciativa foi do Pedro, mas todos abraçaram a causa. Silene contou que o marido ganhou ferramentas, como enxadas e pás, de um vizinho. "Todo mundo ajuda no que pode", afirmou. Ela disse ainda que outro morador do bairro deu um caminhão de pedrinhas para decorar e cobrir a terra.

O jardim se popularizou no bairro e Salvagni afirmou que muitos moradores passaram a cuidar do local e, com isso, ele conheceu muitas pessoas. "Eu fiz amizade com um monte de gente por causa do jardim", contou.

Desafios

Apesar do apoio da comunidade, nem todos respeitam ou contribuem para a preservação do jardim. Silene contou que teve que ligar para a escola do bairro porque as crianças passavam por lá no horário de saída e arrancavam as plantas. "Agora, sempre que posso, fico de olho para evitar estragos", comentou.

Apesar disso, Pedro não vai desistir. "Muitos me criticam, falam que não adianta plantar porque vão arrancar. Mas não tem problema, eu planto de novo". Ele disse ainda que o trabalho não terminará lá. "Se acabar aqui, nós vamos pra outro bairro. Porque é gratificante", comemorou.

*Sob supervisão de Claudia Assencio, do G1 Piracicaba