Moradores fazem atividades como pilates, zumba, muay thai e até balé; empresas de assessoria esportiva apostam em comodidade, segurança e economia
Pilates, zumba, muay thai e balé. Todas essas modalidades poderiam fazer parte da grade de aulas de uma grande academia, mas, nos últimos anos, têm entrado na rotina de um número cada vez maior de condomínios-clube da Grande São Paulo. Com a promessa de oferecer segurança, comodidade e economia para os moradores, crescem no mercado empresas de assessoria esportiva especializadas nesse tipo de empreendimento residencial.
A um preço fixo por apartamento, elas fornecem profissionais de esportes e educação física que dão aulas de até 20 modalidades nos espaços de uso público do condomínio. “Antes de iniciar o serviço, a gente faz um estudo de campo para avaliar o perfil dos moradores e conseguir oferecer uma grade que contemple desde os bebês até os idosos”, explica Gustavo Cordaro, de 34 anos, dono da Team Training, empresa que presta serviço para cinco condomínios na capital.
Nas três empresas consultadas pelo Estado, os preços por família variam de R$ 40 a R$ 150 mensais, dependendo do condomínio - quanto mais apartamentos, menor o valor. Já a mensalidade de uma academia que oferece musculação e aulas variadas não sai por menos de R$ 100 por pessoa na capital. “A gente leva conforto e economia. Não à toa, os últimos dois anos foram os que a empresa mais cresceu, justamente nesse período de crise”, afirma Fábio Gandia, de 40 anos, sócio da UP! Gestão Esportiva, empresa que dobrou o número de residenciais para os quais presta serviços, passando de 10, em 2014, para os atuais 18. A marca também foi transformada em franquia neste ano e deverá iniciar suas atividades em outros dois Estados em breve.
Economia. A chegada de uma assessoria esportiva no prédio da psicóloga Kelsilene Androvics, de 46 anos, há dois anos, fez a moradora cancelar a matrícula na academia que frequentava. “Cheguei a pagar mensalidade de R$ 160 e aqui pago R$ 47 e todo mundo da família pode usar. Eu faço musculação, pilates, vôlei, zumba e circuito funcional. Meus dois filhos também fazem aulas. Sai menos de R$ 20 para cada um”, conta ela, moradora da Barra Funda (zona oeste paulistana). “E ainda estimula a família a praticar atividade física junta”, opina.
De acordo com Andres Constantino, de 36 anos, sócio-diretor da Quality Soluções Esportivas, que atende cinco condomínios, o preço do serviço é acessível porque as empresas têm poucas despesas. “A gente tem o custo somente dos profissionais, mas não precisa pagar aluguel do espaço nem os equipamentos. Usamos a estrutura do condomínio”, explica.
A falta de espaços específicos para a prática de algumas aulas, no entanto, incomoda alguns moradores, mas é considerado um problema menor diante das vantagens do serviço. “A academia, de fato, tem uma estrutura melhor, porque tem mais espaço e mais equipamentos. No condomínio, a gente tem de se adaptar, mas, mesmo assim, vale a pena pelo custo-benefício e pela qualidade dos profissionais”, diz a comerciante Gabriela Mendes de Castro, de 42 anos, também moradora do residencial na Barra Funda.
A limitação de espaço faz com que algumas aulas sejam dadas no salão de festas ou até no espaço anexo à sauna. “Como durante a semana esses espaços são pouco utilizados, a gente consegue montar uma programação sem prejudicar ninguém”, diz o dono da Team Training.
Mercado. Recém-criada, a Associação Brasileira de Assessorias Esportivas em Condomínios (Abaecom) estima que 150 condomínios-clube da Grande São Paulo já contem com o serviço. E, considerando o crescimento desse tipo de empreendimento imobiliário, o mercado para essas empresas deve crescer mais. Segundo levantamento da administradora Lello, o número de condomínios-clube na capital passou de 300 para 700 entre 2011 e 2016.
De Parkour a Jiu-Jítsu e até balé
Para tentar agradar ao maior número de moradores, as assessorias esportivas especializadas em condomínios têm incluído em suas grades de aulas atividades para diferentes faixas etárias e gostos, até mesmo aqueles menos convencionais.
Em alguns residenciais atendidos pela UP! Gestão Esportiva, por exemplo, os moradores contam com rúgbi e até parkour - prática esportiva de transposição de obstáculos, como equilibrar-se em corrimãos e saltar entre vãos. “A gente faz uma versão adaptada para crianças, em escadas e bancos baixos, com segurança”, diz Fábio Gandia, sócio da empresa.
Os pequenos também têm aulas de jiu-jítsu. “Eu e meu filho mais velho, de 13 anos, fazemos muay thai, e o de 5 anos entrou no jiu-jítsu. Deu até mais confiança para ele. Além disso, tem a segurança e a comodidade de seu filho poder descer e fazer aula, sem ter de se deslocar, pegar trânsito”, afirma a administradora Gabriela Giangracio Custodio, de 41 anos, moradora da Vila Leopoldina, na zona oeste.
Para os menos radicais, há atividades lúdicas para crianças e de baixo impacto para os idosos. A Team Training tem aulas de musicalização para bebês e balé a partir dos 2 anos. A UP! oferece uma atividade que resgata as brincadeiras populares, como amarelinha, pega-pega e rouba-bandeira. Para a terceira idade, as maiores apostas são pilates, ginástica e aulas que melhoram a coordenação motora.
Família. Segundo Gustavo Cordaro, dono da Team Training, a diversidade de público estimula os moradores a participar de mais atividades. “Acaba sendo um ambiente mais família. Não tem aquela coisa de academia, onde algumas pessoas se sentem intimidadas e pouco à vontade”, afirma.
“É diferente da academia porque parece que tem todos os tipos de pessoas nas aulas, desde mais jovens até mais maduras, como eu”, diz a securitária Izilda Bueno, de 52 anos, que pratica zumba e ginástica localizada.