Sem solução para o problema, que ameaçava as mais de 190 famílias, o condomínio entrou na Justiça contra a construtora e a incorporadora em 2015
Depois de 21 dias sem gás, o perito nomeado pela Justiça confirmou os problemas na tubulação de gás de dois prédios, na Praia de Santa Helena, em Vitória. O sistema segue interditado pelo Corpo de Bombeiros. Os moradores não podem cozinhar, o banho agora é com balde e o mergulhão se transformou no eletrodoméstico mais utilizado.
“É uma situação caótica o que nós estamos vivendo aqui. Estamos vivento de mergulhão. É uma situação e acampamento”, contou a moradora Ângela Malek, de 63 anos.
A situação é ainda mais complicada para as famílias com crianças. “Eu inventei de fazer um bife, mas fica meio duro. Dá para aguentar. Estamos usando panelas elétricas”, disse a médica Paola Nicoletti.
As famílias contaram que os problemas começaram logo depois da entrega do empreendimento, em 2010, quando começaram a sentir cheiro de gás nas duas torres. “Nós chamávamos, eles vinham, faziam um remendo, que é só o que fizeram até hoje”, destacou Ângela.
A dor de cabeça só foi aumentando com reparos e quebra-quebra no edifício. “Muito antes desse fechamento de agora eu já tive situações de vários fechamentos. Na minha cozinha eu chegue a perder todos os meus armários, pois tiveram e retirar e fizeram no mínimo cinco buracos”, relatou a moradora Suzana Sarcinelli, 69 anos.
Sem solução para o problema, que ameaçava as mais de 190 famílias, o condomínio entrou na Justiça contra a construtora Metron e a Rossi Incorporadora. O processo, aberto em 2015, pede a troca do sistema de gás. “Os canos de gás estavam perfurados, soldas não bem feitas e isso ocasionou o vazamento. Quando foram abrindo que deu para ver realmente os problemas”, explicou a farmacêutica Patricia Del Puppo.
Há 21 dias, quando o corpo de bombeiros detectou o vazamento e interditou o sistema de gás, uma liminar determinou a troca das tubulações, mas a construtora recorreu à decisão. Dois dias atrás, um perito nomeado pela justiça confirmou os defeitos nos canos. Agora os moradores, que continuam sem gás, aguardam uma nova ordem do judiciário e uma posição da construtora para finalmente voltarem a viver tranquilos.
Quanto ao resultado da perícia realizada no Edifício Privilége, a Metron Engenharia informou que vai tomar as medidas cabíveis e responder judicialmente o documento. Já a construtora Rossi disse que está fazendo a avaliação técnica. A Metron informou ainda que trabalha para retomar o abastecimento de gás no condomínio com garantia de segurança para os moradores.