Moradores analisam sistema de vigilância ao comprar ou alugar um imóvel. Construtoras investem em tecnologia para proteger condôminos, em Goiânia.

Vítimas de assaltos nas próprias moradias procuram se proteger da violência se mudando para locais onde há equipamentos e profissionais especializados em vigilância, em Goiânia. Especialistas do mercado imobiliário garantem que segurança é um dos principais fatores buscados por clientes ao comprar ou alugar um imóvel.

Um exemplo é a corretora Sandra Camargo, de 54 anos. Ela conta que foi assaltada duas vezes quando morava em uma casa no Setor Sudoeste, em Goiânia. Mesmo investindo em equipamentos de segurança, as lembranças dos momentos de medo que passou fizeram com que ela quisesse vender o imóvel o mais rápido possível para se mudar para um apartamento.

“Em 2004 invadiram nossa casa e nos assaltaram. Depois disso colocamos cerca elétrica e monitoramento, mas pagávamos mais de R$ 400 por mês e cancelei em 2010. Em 2012 já estava separada e morando só com a minha filha caçula e entraram de novo na nossa casa pelo muro do vizinho, de madrugada. Eu já estava querendo vender a casa, depois disso abaixei em R$ 20 mil o valor da venda para me mudar o mais rápido possível”, disse ao G1.

A corretora afirma que quando morava em casa tinha todo um esquema para entrar em casa. “Quando morava em casa eu sempre dava a volta no quarteirão antes de entrar, o portão era eletrônico, mas tinha que ter um cadeado, então descia para abrir o cadeado. Eu nem saía mais a noite porque tinha medo”, recordou.

Sandra conta que depois que se mudou para o apartamento onde vive, há três anos, se sente mais segura. No condomínio em que ela mora há 33 câmeras de vigilância e a administração está comprando outras 80 para reforçar a segurança do local. Todas as áreas comuns e entradas do prédio são monitoradas. Além disso, o porteiro tem acesso a todas as imagens e monitora o local 24 horas por dia.

Para a entrada na garagem, os moradores têm um dispositivo instalado no para-brisas de seus carros, o qual é lido por um sensor. O equipamento também avisa o porteiro qual morador está entrando, mostra uma foto do condômino e informa em qual apartamento ele vive. “Sempre que eu entro na garagem ele [porteiro] observa se sou eu mesma que estou dirigindo e olha se há algum sinal de que há algo errado”, completou.

A médica veterinária e professora Cláudia Leão, de 52 anos, mora em um condomínio horizontal em Goiânia há cerca de dez anos. Desde que se mudou para o local, ela afirma que não precisa se preocupar tanto com segurança porque a estrutura do imóvel proporciona um ambiente tranquilo.

“Moro até perto da portaria, mas sempre tem os seguranças fazendo ronda. O que me deixa mais segura é o controle de quem entra e quem sai daqui. Qualquer pessoas que vai entrar precisa primeiro de autorização, não fica nenhuma pessoa desconhecida que pode bater na sua porta. Não preciso me preocupar se está tudo muito bem trancado, me sinto segura”, afirmou.

Ela lembra que já foi assaltada uma vez quando vivia em uma casa fora de condomínio e, como Sandra, tinha medo de chegar em casa, principalmente quando estava sozinha.

“Quando eu morava em casa fora de condomínio fui assaltada. Estava grávida, chegou um menino com dedo dentro da camisa como se fosse canivete na porta da minha casa, tive medo de ter mesmo um canivete e entreguei meu relógio. Minha mãe também foi assaltada entrando na garagem, mas não tenho medo de chagar no condomínio. Saio e volto tranquilamente em casa, não preciso ter medo”, contou.

Equipamentos

As construtoras e empresas de segurança costumam trabalhar juntas para determinar o planejamento do que deve ser instalado no local, como explica a gerente de incorporação Lyvia Mendonça Queiroz. Ela afirma que é preciso fazer um estudo do projeto do imóvel antes mesmo de ele ser construído para eliminar pontos fracos.

“No primeiro estudo do empreendimento a empresa de segurança observa pontos vulneráveis onde poderia ter uma invasão. Eles fazem uma análise e apontam, por exemplo, onde tem um muro muito baixo, árvore próxima do muro e melhoramos esses pontos frágeis”, relatou ao G1.

Segundo a gerente, os condomínios podem oferecer diferentes tipos de equipamentos e estratégias para manter os moradores seguros. Ela cita diversas formas inovadoras de proteger os condôminos, entre elas, a vagas de garagem chamadas de “Anjos da Guarda”, nas quais o morador pode estacionar caso tenha sido abordado e precise de ajuda. O porteiro identifica o pedido de socorro e pede reforço.

“Algo que sempre oferecemos é uma sala em que o visitante pode ficar fora dos perigos da rua, mas só passa pela segunda porta depois que o morador liberar. Também colocamos gavetas que permitem a entrega de diversos itens para os moradores sem que o entregador tenha contato com o porteiro, evitando que pessoas de má índole que se passam por esses profissionais consigam abordar o porteiro”, esclareceu.

Lyvia conta que também é preciso ter câmeras em todas as entradas, saídas e pontos vulneráveis. Segundo ela, em alguns empreendimentos, todas as pessoas que entram são registradas por foto e digital, já que os elevadores são acionados por biometria e dão para o visitante e morador acesso apenas ao andar necessário.

Procura

O diretor comercial Ricardo Teixeira ressalta que diversos clientes procuram apartamentos ou casas em condomínios horizontais por causa da segurança que eles proporcionam.

“Os empreendimentos já nascem com essa exigência do consumidor, o construtor tem que se preparar para essa questão da segurança. Principalmente quem viaja muito passa a ter mais medo e essa situação é uma tendência que leva as pessoas a mudarem para condomínios”, relatou ao G1.

Apesar de parecer mais caro morar nesses ambientes, Teixeira garante que há condomínios seguros para todos os bolsos. “A mesma situação acontece em todos os níveis sociais. Temos hoje grandes condomínios para um segmento econômico tanto de casa como de apartamento, para todas as classes a exigência é mesma. Em locais onde há maior quantidade de moradores também barateia o custo.

Uma portaria, por exemplo, tem o mesmo custo para 20 ou 200 moradores”, explicou.