Síndicos corruptos: qual a verdadeira dimensão deste problema?
Por Ricardo Karpat*
Recente reportagem veiculada em um importante veículo de comunicação abordou a questão de síndicos que administram condomínios e desviam verbas para uso pessoal. Muitas pessoas demonstraram indignação com a conduta dos envolvidos, que na verdade deveriam, além de zelar pelo patrimônio, cuidar também do dinheiro de todos aqueles que vivem no mesmo empreendimento.
As perguntas mais importantes sobre essa questão são: qual a proporção desse problema e como evitá-lo?
Falando sobre proporção, é impossível mensurar precisamente, porém estamos falando de uma minoria. Ainda assim, uma minoria que faz um estrago muito grande, prejudicando a vida de muita gente honesta.
Existem casos em que o desfalque realizado por um síndico chega a proporcionar prejuízos financeiros de mais de 100 mil reais e o condomínio é obrigado a promover uma arrecadação extra significativa para honrar com seus compromissos.
Vale ressaltar que o síndico é apenas o representante legal do condomínio, sendo que todos os proprietários são igualmente donos do bem comum, por isso, todos arcam com os prejuízos proporcionados.
Por outro lado, o síndico é o responsável legal pelo condomínio e, caso ele realize uma ilegalidade, deve arcar com o prejuízo. Porém, a dívida foi contraída em nome do condomínio e é o condomínio que deve pagar, para, posteriormente, entrar na justiça pleiteando que o síndico arque com as consequências, em uma ação judicial que pode durar anos.
Para evitar a ocorrência de problemas dessa natureza, há uma série de procedimentos que, sendo seguidos, minimizam o risco.
Profissionalização do síndico: Hoje em dia existe uma gama de profissionais especializados em sindicância condominial. Além de estarem preparados para esta atribuição, de tamanha responsabilidade, eles têm uma carreira pela frente, sendo assim, qualquer deslize pode significar o fim de uma profissão promissora. Vale a pena salientar que os casos confirmados de corrupção ativa em gestão condominial foram realizados por síndicos voluntários (moradores), que gozavam da confiança da coletividade.
Auditoria mensal: é indicado que todos os condomínios tenham uma auditoria independente para avaliação da prestação de contas mensal. Este serviço tem um custo baixo, que traz mais uma fiscalização, dificultando atos ilícitos.
Contar com o auxílio de uma Administradora de Condomínio: Na maioria dos casos, uma administradora de condomínios séria e de qualidade consegue identificar quando o síndico está cometendo alguma irregularidade. Desta forma, ela informará o corpo diretivo a respeito da situação existente. Por isso a importância de se contratar uma administradora de condomínios eficiente e ética, que poderá evitar grandes problemas.
Conselho fiscal ou consultivo ativo: A participação de um conselho é sempre indicada. Não se deve deixar todas as decisões na mão do síndico, sem nenhuma participação dos demais moradores. Esse corpo diretivo irá participar das decisões do síndico e analisar a prestação de contas mensal.
Por fim, assim como em nossa política, fica claro que gestões corruptas na maioria das vezes só são possíveis quando existe uma coletividade ausente. Podemos aproveitar a mudança de envolvimento político que ocorre em nosso país e trazê-la também para nossa microesfera, participando ativamente em prol da coletividade.
* Ricardo Karpat é Diretor da Gábor RH, administrador de empresas especializado em recursos humanos e possui experiência profissional de 15 anos no segmento de condomínios.