Especialista explica como garantir a boa convivência com animais em condomínios com dicas essenciais para harmonizar o ambiente e evitar conflitos
A convivência com animais de estimação em condomínios é cada vez mais comum. De acordo com a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), o Brasil ultrapassou 167 milhões de pets em 2023, e muitos deles vivem em apartamentos, compartilhando áreas comuns com outros moradores e pets.
Com essa nova realidade, surgem também os conflitos: brigas entre animais, mordidas, latidos excessivos e danos. Mas afinal, quando dois animais em condomínios se envolvem em um conflito, quem é responsável? O tutor? O condomínio?
O que diz a lei?
De acordo com o art. 936 do Código Civil, "o dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior". Ou seja, o tutor (ou detentor) do animal responde objetivamente pelos danos causados por ele.
Isso significa que o tutor do animal que atacou outro pet — ou até mesmo uma pessoa — deverá reparar os danos materiais e morais, a menos que consiga provar que o animal foi provocado ou que houve uma situação excepcional e imprevisível.
"Em casos de brigas entre animais nas áreas comuns do condomínio, a responsabilidade recai sobre o tutor do animal agressor. O condomínio só será responsabilizado se ficar comprovado que foi omisso ao permitir, por exemplo, que animais circulem sem guia ou fora das normas previstas no regimento interno", explica a advogada Juliana Teles, sócia do escritório Faustino & Teles.
Em decisões recentes, tribunais têm condenado tutores a pagar indenização por danos morais e materiais quando um animal ataca outro. Em 2022, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) condenou um morador a pagar R$ 8 mil de indenização após seu cão atacar outro em uma área de circulação comum. O réu alegou que o pet era dócil, mas foi constatado que o animal estava solto e sem focinheira — desrespeitando o regulamento interno do condomínio.
Responsabilidade de tutores e condomínios
Tutores de animais:
Condomínio
"O condomínio pode ser responsabilizado solidariamente em casos em que a administração foi negligente ou omissa, como permitir circulação de animais soltos mesmo após reclamações anteriores. Por isso, é fundamental ter normas bem definidas e zelar pelo seu cumprimento", orienta Juliana Teles.
Dica para síndicos
Um condomínio bem organizado precisa de regras específicas sobre animais:
"O síndico não precisa ser inimigo dos animais, mas sim um mediador da boa convivência. Prevenir conflitos começa por garantir que as normas estejam bem comunicadas e sejam aplicadas com equilíbrio e justiça", ressalta Juliana Teles.
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