Síndico de flat é denunciado por maus-tratos e discriminação ao MPT, em Guarujá

Funcionários denunciam maus tratos e discriminação racial. Houve manifestação acompanhada por Sindicato 

 

O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu procedimento para apurar a denúncia de supostos maus tratos e discriminação racial contra 37 trabalhadores do Golden Beach Residence Service, localizado no centro de Guarujá, praticado pelo síndico do flat e a esposa. O caso está sob sigilo e, por conta disso, os nomes estão preservados até que seja aberto inquérito.

A situação foi registrada também em boletim de ocorrência na Polícia, por uma auxiliar de lavanderia, que se afastou por problemas psicológicos. Os trabalhadores chegaram a fazer uma manifestação na porta do flat por não suportarem mais o assédio moral e até ameaças físicas.

A denúncia foi encaminhada ao MPT pela Direção do Sindicato dos Empregados em Edifícios e Condomínios de Guarujá e Bertioga, sob a presidência de Everaldo Alves da Silva. A entidade sindical acompanhou a manifestação, obteve o depoimento de todos os empregados e já anexou ao processo encaminhado ao MPT.

O Golden Beach possui 110 apartamentos. Segundo Everaldo Silva, a advogada Valderez de Lima Alves e a secretária da Presidência, Adriana Costa, a ação do Sindicato tem o respaldo de boa parte dos moradores do próprio flat, que também deverão dar depoimentos em favor dos empregados.

Segundo a Direção do Sindicato, tudo começou por intermédio de denúncias anônimas de moradores. Depois, vieram outras. Os funcionários estavam temerários, inclusive por conta da possível perda de emprego. Uma reunião envolvendo os trabalhadores e o sindico foi realizada e a situação só foi se agravando.

Conforme revelado, ao pedir para que saísse da sala para que os trabalhadores pudessem falar livremente, o (síndico) ficou bravo, mudou o tom, bateu na mesa e ficou próximo à porta, constrangendo os seus subordinados.

"Depois, descobrimos assédio moral, que abala o psicológico dos funcionários, e injúria, inclusive racial com uma mulher. Algumas funcionárias chegaram a se trancar em um quarto com medo dele, que ficava circulando as ameaçando, envolvendo, até, um terceiro com arma de fogo", explica a advogada Valderez Alves.

O Sindicato já tem relatos de todos os funcionários e, agora, está buscando provas materiais. Áudios já existem (foram enviados à Reportagem) e serão encaminhados ao MPT. Na última terça-feira, a situação persistiu. O síndico, ainda mais revoltado com as manifestações, continuou mantendo a postura violenta, obrigando a uma nova investida do Sindicato.

GRAVIDEZ

Em um dos áudios obtidos pelo Sindicato, uma funcionária disse que ficou oito horas trancada após revelar ao síndico que sua gravidez era de alto risco e que não poderia trabalhar na cozinha. "Ele humilhava muito a gente. Me proibiu até de entrar no prédio e usar o banheiro. Eu cheguei a ligar no Ministério do Trabalho", relata.

Outra funcionária disse que sofreu injúria racial por parte da esposa do síndico, o que gerou o boletim de ocorrência. "Eu tive um surto e estou sob medicamentos. Fiquei em pânico. Todos aqui já sofreram algum tipo de humilhação", conta.

Durante a manifestação, os trabalhadores pediram a renúncia do síndico. Uma assembleia com moradores ocorrerá no próximo dia 3.

A Reportagem tentou contato com o síndico, mas a atendente disse que ele não se encontrava. Também foi tentado contato pelo e-mail, passado pela funcionária, mas até o fechamento desta edição o síndico não se manifestou.