Artistas e entidades de luta contra o racismo protestaram em frente ao condomínio onde mora o influenciador digital, em São Paulo
Outra moradora do condomínio do influenciador digital Eddy Júnior afirmou ter sofrido ataques racistas da mesma vizinha que o insultou. Nesta quinta-feira (20), manifestantes protestaram em frente ao prédio.
Caso de racismo contra humorista Eddy Jr.: o que se sabe e o que falta saber
O protesto reuniu artistas como Paulo Vieira, Astrid Fontenelle, ativistas, representantes da Uniafro e de várias entidades de luta contra o racismo em frente ao condomínio onde mora o músico Eddy Júnior.
“Esse ato é principalmente para exigir uma postura mais dura em relação a esse caso de racismo que foi tão cruel”, disse o humorista Paulo Vieira.
“É importantíssimo a gente chegar junto onde aconteceu um crime de racismo para mostrar pra sociedade, para mostrar para os criminosos que isso não vai passar”, afirmou a apresentador Astrid Fontenelle.
Na madrugada de terça-feira (18), Eddy Júnior gravou um vídeo sendo xingado pela vizinha, a aposentada Elisabeth Morrone.
“Cai fora, macaco! Fora, imundo. Tu é sujo, imundo”, disse a agressora.
Ele publicou o vídeo em redes sociais, contou que desde abril sofre perseguições da mesma vizinha.
No mês passado vídeos do prédio mostram o filho da aposentada, que segundo a família tem deficiência intelectual leve, indo à porta do músico com uma faca. Em outro dia, mãe e filho ameaçam o músico, que disse que não estava em casa. Os vizinhos gravaram o áudio das ameaças: “Vou te matar”, afirmou o agressor.
Nesta quinta-feira (20), uma outra moradora do prédio, a advogada Nayara Cruz, contou que ela e o filho foram discriminados pela aposentada.
“Ela me abordou, me questionando por que eu estava na academia porque o uso da academia era restrito a moradores. Eu falei que era moradora e ela me questionou quanto eu paguei pelo meu apartamento. Teve um outro episódio que ela foi agressiva com o meu filho, que estava no hall brincando com outras crianças. Ela chamou o meu filho de vagabundo e disse que ele não poderia ficar no hall do prédio”, relatou a vítima.
Nesta quinta (20), o advogado de Elisabeth Morrone enviou uma nota pelo celular. Disse que a cliente é inocente.
Segundo o advogado, as desavenças com o músico jamais tiveram relação com racismo ou qualquer preconceito. A defesa da aposentada diz que Eddy costumava fazer barulhos e que já foi multado diversas vezes e que na terça-feira (18), Elisabeth, que é idosa e tem um filho especial, estava de roupão porque era de madrugada e ela foi acordada. Segundo a nota, ela reagiu às provocações do músico e que o vídeo publicado em redes sociais foi editado.
A equipe da Globo conversou com os advogados do condomínio que confirmaram que Eddy chegou a ser multado por causa de barulho.
Nesta quarta (19), a polícia começou a investigar as denúncias feitas pelo músico e abriu inquérito para apurar crimes de injúria racial e preconceito.
“É importante frisar: delitos como esse eles não são toleráveis mais. É necessário que caso a pessoa sofra uma injúria racial, sofra racismo ou preconceito racial, façam as suas denúncias, procurem uma delegacia de polícia para que a gente possa apurar e que não tenhamos essa sensação de impunidade”, explicou diretora do DHPP, Elisabete Sato.
A defesa de Elisabeth Morrone afirmou que desconhece o caso de Nayara Cruz e que por isso não vai se pronunciar.