Necessidade de um profissional isento na mediação de conflitos e com conhecimentos técnicos para exercer a função são fatores decisivos para contratação
Isolamento social, home office, filhos em casa e opções de lazer restritas, a dura realidade imposta pela pandemia mudou não só a convivência dentro das casas como também foi responsável pelo aumento de conflitos em condomínios residenciais. Segundo um levantamento divulgado em agosto de 2020 pela Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (ABADI), o número de reclamações entre vizinhos triplicou e continua em alta até hoje.
Para apaziguar os ânimos dessa convivência, tornou-se imprescindível alguém com capacidade de mediar os desentendimentos de forma imparcial e com conhecimentos técnicos específicos em relação às leis e o novo Código Civil. Neste contexto, a figura do síndico profissional ganhou destaque, levando ao aumento da contratação desse tipo de mão de obra para exercer o cargo que antes ficava restrito aos próprios moradores.
“Notamos um aumento considerável na procura por síndicos profissionais nos último seis meses, justamente para suprir essa demanda, amenizando as divergências, além de garantir o cumprimento dos protocolos sanitários e equilibrar o orçamento”, revela Marcos Valim Carvalho, diretor da Embraps, empresa especializada na contratação de mão de obra terceirizada, que lembra que a contratação não dispensa a eleição em assembleia com votação dos condôminos, sendo que a validade do contrato segue o mandato vigente.
O executivo explica, ainda, que a formação e o treinamento da pessoa que irá exercer essa função tem sido o fator determinante para a escolha. “A atuação exige expertise em gestão de conflitos, gestão de pessoas, negociação, entre outras, que miram sempre resolução de problemas, economia aos moradores e melhora da qualidade dos serviços prestados”, salienta.
Outra exigência importante nesse perfil é a experiência com redução de custos (sem comprometer as características do condomínio), seja com negociação de contratos, otimização do material de limpeza, redução de inadimplência e o aperfeiçoamento na distribuição de atividades e do quadro de funcionários. “É um trabalho que demanda conhecimento, tempo e muita dedicação e, por isso, a importância da profissionalização, com suporte 24 horas e avaliação periódica para alavancar as ações positivas e corrigir rotas quando necessário”, ressalta Marcos Valim Carvalho.
Barulho é o campeão das reclamações
Entre as principais reclamações em condomínios, segundo dados da ABADI, o barulho é o campeão, correspondendo a 72% das notificações, seguida pelo descumprimento das regras de isolamento e procedimentos.
O síndico profissional Cláudio Gonçalves confirma essa dificuldade nos três condomínios em que atua e revela que, no início, foi preciso muita conversa para conscientizar as pessoas sobre a gravidade da pandemia, mostrando a necessidade de fechar as áreas de uso comum e a importância em seguir os protocolos sanitários. “Tentei fazer todas as ações sem multas e advertências, mantendo uma comunicação consistente, trazendo as pessoas para perto a fim de que participassem efetivamente do problema e das soluções”, comenta.
Outra ação do período, de acordo com o síndico, foi a realização de acordos com fornecedores. "Preventivamente, negociamos nossos contratos, gerando bônus e descontos em torno de 10% a 20%, além de interromper melhorias e manutenções que não eram emergentes. Hoje, estamos equilibrados, graças a essas adequações preventivas que realizamos desde o início da pandemia”, conclui.
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