Especialistas em identificar furtos de energia buscam flagrantes.Crime tem pena de até oito anos de prisão.
As ligações clandestinas de luz estão na mira de empresas distribuidoras de energia. No Rio de Janeiro, a operação de "caça aos gatos" descobriu furto de eletricidade onde menos se espera.
Eles estão atrás de um crime que acontece dia e noite sem que ninguém perceba. Uma fraude escondida dentro dos medidores de luz.
Técnicos especialistas em identificar furtos de energia vão atrás de mais um flagrante.
A casa fica em um condomínio, na Barra da Tijuca, zona nobre do Rio de Janeiro, e agora os técnicos tão trabalhando para confirmar se há mesmo uma fraude.
Os cabos foram desviados para que parte do consumo de luz da casa não passasse pelo medidor. Fraude confirmada.
O técnico tenta falar com o dono. Mas quem aparece para dar explicações é o pai dele, que não mora na casa. Mas se apresentou como o advogado do filho.
“Ele não faria isso, e não precisa fazer isso. Alugou essa casa recentemente, que estava vazia há dois anos. Com certeza não sabia”, diz o pai e advogado Paulo César Pereira de Souza.
Furto de energia é crime com pena de até oito anos de prisão.
E sabe como os técnicos descobrem essas fraudes? De olho em computadores ligados aos 800 mil medidores eletrônicos que já foram instalados pela concessionária no Rio.
O alerta vermelho é sinal de alguma irregularidade.
Repórter: Nesse momento, o medidor foi desligado?
Ivson Vasconcellos, superintendente comercial da Light: Exatamente. Foi desligado e retornando com praticamente 50% do consumo original. Automaticamente é disparada uma inspeção de campo para uma verificação.
No computador já dá para ver onde ficam algumas dessas fraudes. Pela quantidade de piscinas, parecem casas de alto nível.
Mais da metade dos furtos de energia, os chamados gatos, acontece em bairros de classe média, no comércio e muitas vezes em condomínios de luxo. E o prejuízo não é só para a concessionária: ele é dividido entre os consumidores.
“O furto de energia dá um prejuízo hoje da ordem de R$ 2 bilhões por ano. A conta do cliente é majorada na ordem de 17% em função do furto de energia”, diz o superintendente de distribuição da Light, Dalmer Souza.
E os caça-gatos já encontraram de tudo. Ligações clandestinas subterrâneas e até fraudes supersofisticadas, como a de um restaurante também em uma área valorizada do Rio.
Foi só olhar para o medidor para ver a prova do crime.
Dentro do aparelho, tem um dispositivo que é acionado para desviar energia nos momentos de maior consumo: é um gato por controle remoto!
O dono disse que não sabia da fraude, mas foi levado para a delegacia e acabou preso.
O dono do restaurante foi solto depois de pagar fiança - e está respondendo a processo. O morador da casa no condomínio foi chamado pra prestar esclarecimentos na delegacia, mas ainda não depôs.