Policiais da 14ª DP e técnicos da Ceg inspecionam prédio no Leblon onde casal morreu no banheiro de apartamento
O porteiro do Condomínio Solar Satélite, situado no número 980 da Avenida Bartolomeu Mitre, no Leblon, na Zona Sul do Rio, contou em depoimento que, há alguns anos, uma moradora da cobertura 02 passou mal ao sentir tontura por vazamento de gás no banheiro. O funcionário fez o relato à delegada Natacha Alves de Oliveira, titular da 14ª DP (Leblon), no inquérito que apura as mortes de Mateus Correia Viana e Nathalia Guzzardi Marques, ambos de 30 anos, no box do apartamento 601, na última terça-feira. Em 11 de setembro de 2012, Camila Paoliello Ribeiro, de 24, morreu por “intoxicação exógena por monóxido de carbono”, em circunstâncias semelhantes, na unidade 608.
De acordo com o termo de declaração do porteiro, o qual o EXTRA teve acesso, a moradora chegou a ser socorrida por seu marido. Nessa sexta-feira, profissionais da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa); da Naturgy, distribuidora de gás canalizado do município; e peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) realizam uma vistoria na rede, na tubulação e nas instalações de aquecedores de água do prédio. A inspeção foi solicitada pela Polícia Civil após a morte do casal. De acordo com o laudo de necropsia, os corpos de Mateus e Nathalia apresentam “sinais gerais de asfixia, com coloração carminada dos tecidos, sugestivo de intoxicação exógena”.
O documento, assinado pelo perito Claudio Amorim Simões, do Instituto Médico Legal (IML), descreve que foram solicitados exames complementares para que se defina se a intoxicação ocorreu por monóxido de carbono. A principal suspeita até o momento é que os jovens tenham sido vítimas de um acidente doméstico, em decorrência de problemas justamente no aquecedor a gás da água do apartamento onde estavam.
Já o laudo complementar do exame de necropsia feito no corpo de Camila concluiu, em 22 de agosto de 2013, que a causa de sua morte foi a intoxicação, por “ação química”. O documento, assinado pela perita legista Virgínia Rosa Rodrigues Dias, atesta a detecção de carboxihemoglobina no sangue acima de 40% — a concentração de gás, o tempo de exposição, a intensidade da atividade física e a própria sensibilidade do indivíduo determinam esse percentual. Nessa quantidade, os sintomas apresentados vão desde forte dor de cabeça, latejamento das têmporas, fraqueza, tontura, diminuição da visão, náusea, vômito, aceleração da respiração, até o aumento da chance de colapso e síncope.
No registro de ocorrência feito na 14ª DP à época, um policial militar do 23º BPM (Leblon) comunicou ter sido acionado para ir ao condomínio por volta de 8h. Chegando no local, homens do quartel do Corpo de Bombeiros da Gávea o informaram que Camila havia sido encontrada desacordada por um amigo paulista, que viera ao Rio passar o fim de semana. Na delegacia, o jovem relatou que, como a estudante demorara no banho, ele decidiu ver o que havia acontecido e a encontrou caída no box, com o chuveiro aberto.