Pelo menos cinco pessoas morreram no acidente e nove ficaram feridas. Segundo a Defesa Civil, prédio não corre risco de desabar.
Pelo menos cinco pessoas morreram e outras nove ficaram feridas na explosão de um prédio em um conjunto habitacional em Fazenda Botafogo, no Subúrbio do Rio, na madrugada desta terça-feira (5).
Inicialmente, os bombeiros chegaram a confirmar 19 pessoas atingidas pela explosão, mas posteriormente corrigiram o número para 14.
O acidente aconteceu na Rua Omar Fontoura, perto da Rua Pedro Jório. De acordo com a Defesa Civil, a explosão pode ter sido provocada pelo vazamento de gás. O condomínio é ligado à tubulação da Companhia Estadual de Gás (CEG), mas segundo Cristiane Delarte, gerente de gestão de rede da concessionária, dos 40 apartamentos, só 19 utilizavam o gás canalizado pela empresa.
Bombeiros do quartel de Irajá atuam no local, com apoio de ambulâncias dos quartéis de Campinho, Parada de Lucas, Guadalupe e Ricardo de Albuquerque. Segundo informações dos agentes, a explosão teria ocorrido no primeiro andar de um prédio do conjunto habitacional.
Segundo a Defesa Civil, apesar dos danos, o prédio não corre o risco de desabamento. “Todo o piso do primeiro pavimento acabou afundando, porque são módulos preenchidos por painéis, paredes e lajes e que, no primeiro pavimento de algumas unidades, veio a se romper e afundar. O afastamento de algumas colunas não está caracterizando, nesse momento, um risco para o prédio desabar, então essa possibilidade nós já descartamos", afirmou Motta.
Morador do conjunto, o assistente de câmera Edson Santana contou que foram feitas 49 reclamações à companhia sobre o problema, e que moradores de um dos prédios chegaram a fazer um pedido de troca das tubulações de gás, o que foi feito pela CEG. "Provavelmente a tubulação nova não aguentou a pressão e aí aconteceu isso", comentou.
Entre as vítimas da explosão, três foram encaminhadas para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha: Maria de Lourdes do Santos Machado Filha, de 31 anos, que não teve a identificação divulgada, além de Paulo Roberto Pereira, de 35 anos, que já teve alta, e Jociara Dos Santos Nicário, de 33 anos, que segue internada com fraturas. Para o Hospital Carlos Chagas, foram levadas quatro vítimas — uma acabou morrendo, e os feridos são: Fernando, de 56 anos, José Santos, 59, e Ednei Silva, 41 (veja a lista completa no fim da reportagem).
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, Luiz Paulo Silva, de 71 anos, e Alzenira C. Silva, de 58 anos, sofreram escoriações pequenas e um leve traumatismo craniano e estão no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Duas pessoas foram atendidas e liberadas no local da explosão.
Abrigo
Apesar do desabamento ter sido descartado, os moradores deste prédio precisarão ficar fora de casa até que a Defesa Civil faça toda a avaliação estrutural e reparos necessários. Ao todo, 39 famílias estão desalojadas. O prédio tem cinco andares, oito apartamentos por andar, e cerca de seis unidades tiveram seu piso afundado.
O prefeito Eduardo Paes, que esteve no local e foi bastante vaiado pelos moradores, como informou o jornal O Globo, prometeu dar uma uma ajuda de custo de R$ 1 mil aos moradores atingidos.
"A prefeitura está pedindo que as pessoas ou vão para a casa de parentes ou tem um hotel aqui próximo que a prefeitura vai pagar a hospedagem das pessoas, mas de imediato já trouxe uma empresa pra assumir a obra do prédio e vamos dar uma ajuda de custo para essas famílias no período que essa obra não estiver pronta. Tudo isso a gente vai fazer pela lentidão da companhia de gás de dar respostas. A gente não pode deixar as pessoas sofrendo, eles vão ter que pagar essa obra, vão ter que indenizar as pessoas e vão ter que responder pelos atos deles", explicou o prefeito.
A tarde, a prefeitura informou, em nota, que apenas uma família aceitou hospedagem em hotel. Outras 37 famílias foram abrigadas em casas de parentes e uma seguia hospitalizada. A prefeitura destacou que 33 famílias já receberam R$ 1 mil, que serão pagos mensalmente a título de auxílio até que possam retornar aos seus apartamentos. A prefeitura disse ainda que além de custear o valor do serviço funerário das vítimas, disponibilizou transporte para levar os moradores para as casas de seus familiares e alimentação durante todo o dia.
Enquanto esteve no local, Paes disse ainda que irá pressionar os órgãos públicos para ajudar essas famílias e descreveu como "lamentável" o fato de pessoas morrerem por um vazamento de gás. "Não tem muito o que fazer, a não ser cobrar como autoridade política. A agência reguladora é uma concessão do estado. Nós vamos pressionar o estado, a agência reguladora, o ministério público pra tentar fazer alguma coisa em relação a esse absurdo. É lamentável, é um absurdo que vidas sejam perdidas por um vazamento de gás", disse Paes.
“A Riourbe vai assumir imediatamente a recuperação do prédio e vamos dar uma ajuda de custo enquanto a obra não ficar pronta. Certamente, vamos cobrar dos responsáveis os gastos”, completou o prefeito.
Segundo a prefeitura, à tarde os técnicos da Riourbe autorizaram o início imediato das obras de recuperação, que não têm prazo para serem concluídas.
Moradores do local dizem que há cerca de um mês a CEG esteve no local realizando uma vistoria e não identificou nenhum problema. Ainda segundo eles, moradores reclamavam do cheiro de gás com frequência.
“Eles vêm, constatam que não tem nada de anormal aí vai embora. A gente continuava sentindo o cheiro de gás e todo mundo reclamando, todo mundo reclamando. A CEG vinha usava um produto químico no encanamento normal, constatava que não tinha nada de anormal e ia embora”, afirmou José Airton, que mora no segundo andar do prédio.
Agentes da CEG já estão no local, mas as causas ainda são desconhecidas. Para a empresa, qualquer informação no momento é prematura. "A gente lamenta o que aconteceu, mas não sabe ainda o que aconteceu e qualquer informação seria imprecisa e prematura. Estamos avaliando todos os registros no local e vamos avaliar um por um e verificar se há denúncias dos moradores (que informaram que o vazamento de gás vem sendo denunciado há um ano)", afirmou Cristiane Delart, gerente de gestão da companhia.
’Foi um estrondo horrível’
Uma das moradoras do prédio atingido pela explosão é uma senhora de 86 anos. Dona Marina de Carvalho mora com o filho no quinto andar e estava acordada na hora. "Foi um estrondo que parecia que estava desabando o mundo. Meu filho me levantou, porque minhas pernas travaram e ele falou que o prédio estava desabando" contou Marina.
A moradora também já havia sentido cheiro de gás outras vezes. "Tinha muito cheiro de gás, mas a gente não sabia de onde era", contou Marina que irá agora para a casa da filha, que também fica em Fazenda Botafogo.
Andrea dos Santos Melo, de 46 anos, é tia de uma das vítimas mortas na explosão. Sua sobrinha, Karen Nicácio Melo, de 13 anos, morreu no local. A mãe da menina, irmã de Andrea, Jociara Nicácio, 34 anos, ficou ferida e foi levada para o Hospital Getúlio Vargas.
"O bombeiro falou que quando chegou no prédio minha sobrinha estava sem pulso e só conseguiram salvar a mãe. Eu estive aqui já faz dois meses para visita-las e ainda falei ’nossa que cheiro forte de gas’", contou Andrea.
O imóvel fica próximo da Avenida Brasil, altura do número 19.972, perto da passarela 28. Na área do entorno do prédio mais atingido há muitos escombros. As janelas de todos os apartamentos quebraram.
Mortos na explosão:
Rosane A. Oliveira, de 55 anos
Francisco G. Oliveira, de 55 anos
Karen Nicácio de Melo, de 13 anos
Mortos a caminho do hospital
José dos Santos, de 85 anos
Maria de Lourdes do Santos Machado Filha, de 31 anos
Vítimas liberadas no local:
Renata C. Lima, de 34 anos
Lenira M. Costa, de 79 anos (recusou remoção)
Vítimas encaminhadas para o Hospital Estadual Carlos Chagas:
Fernando C., de 56 anos
José J. Santos, de 69 anos
Ednei S. Silva, de 41 anos
Vítimas encaminhadas para o Hospital Estadual Albert Schweitzer:
Luiz P. Silva, de 72 anos
Alzemira C. Silva, de 58 anos
Vítimas encaminhadas para o Hospital Estadual Getúlio Vargas:
Paulo R. Pereira, de 35 anos
Jociara S. Nicácio, de 33 anos