Em abril, 12,7% dos moradores não pagaram condomínio, enquanto em 2019 esse índice era de 10,72%
A pandemia de COVID-19 pode já ter batido à porta dos condôminos de Belo Horizonte. Isso porque uma pesquisa da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG) aponta que o índice médio de inadimplência no pagamento das taxas de condomínio na Grande BH, em abril, aumentou 20%, se comparado com o mesmo período do ano passado.
Em abril deste ano, 12,7% dos moradores não pagaram a despesa, enquanto em 2019, eram 10,72%, uma diferença de 1,98 ponto percentual. O estudo levou em conta 2 mil condomínios residenciais e comerciais.
Continua depois da publicidade
Conforme registra a pesquisa, a curva de inadimplência em condomínios vem apresentando aumento desde o início do ano, mas registrou sua maior subida no mês passado. Em janeiro, a taxa estava em 9,73%; fevereiro, 10,94% e março, 11,44%.
Por outro lado, o índice de impontualidade - taxas liquidadas dentro do mês, mas fora da data de vencimento— vem caindo ao longo desses meses: janeiro (8,12%), fevereiro (7,39%), março (7,56%) e abril (6,40%). No comparativo com abril do ano passado, a impontualidade diminuiu 26%. Na ocasião, a taxa era de 8,63%.
A tendência é de que a inadimplência continue aumentando, uma vez que o mês de maio também será marcado pelo isolamento social como forma de conter o avanço da COVID-19. O prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), deve anunciar, na sexta-feira, uma retomada gradual das atividades econômicas da capital mineira.
De acordo com o vice-presidente das Administradoras de Condomínios da CMI/Secovi-MG, Leonardo Mota, o aumento na taxa média de inadimplência pode esta atrelado à pandemia de Covid-19. "Os índices de desemprego subiram, o que, consequentemente, faz com que contas com multas menores sejam postergadas", explica.
Ele destaca que, em nenhum mês de 2019, observou-se uma taxa acima dos 12%, como a registrada atualmente. A média de inadimplência em BH normalmente está em torno de 10%. "Infelizmente, a tendência parece ser de alta e, mais do que nunca, os síndicos precisam rever todos os custos e negociar com fornecedores para manter o caixa em dia", declara.
Conforme análise de Mota, o novo Código de Processo Civil (CPC), aprovado em 2015, fez com que as cobranças de condomínios atrasados se tornassem mais ágeis. Isso porque a lei tornou a dívida um título executivo extrajudicial. No entanto, com a suspensão dos processos judiciais em função da pandemia de Covid-19, os pagamentos dos inadimplentes ficaram prejudicados.
"Por isso, neste momento adverso, é fundamental que o síndico chegue a um acordo com o condômino e proponha, por exemplo, o parcelamento da dívida por meio de cartão de crédito", finaliza.
Desemprego
Conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 12,9 milhões de brasileiros estavam desempregados no primeiro trimestre de 2020. O número equivale a uma taxa de desocupação de 12,2%.
A pesquisa também apontou que 12 estados brasileiros registraram aumento de desempregados em comparação com o último trimestre de 2019. Minas Gerais é um dos estados que viu sua população empregada diminuir: nos últimos três meses do ano passado, a taxa de desocupação no estado era de 9,5%; agora é de 11,5%.
As maiores taxas foram observadas na Bahia (18,7%), Amapá (17,2%), Alagoas e Roraima (16,5%), enquanto as menores em Santa Catarina (5,7%), Mato Grosso do Sul (7,6%) e Paraná (7,9%).
As maiores altas no desemprego foram no Maranhão (3,9 pontos percentuais), Alagoas (2,9 p.p) e Rio Grande do Norte (2,7 p.p). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada hoje (15) pelo IBGE.