Rio de Janeiro teve 14% dos condomínios inadimplentes em abril

A inadimplência de cotas de condomínios no município do Rio de Janeiro dobrou em abril e chegou a 14%, segundo levantamento da APSA, maior empresa de gestão condominial e negócios imobiliários na cidade. Esse é o maior índice de inadimplência da série histórica, desde 2002 — que nunca tinha passado de 10%. Com isso, condomínios precisam encontrar soluções para manter suas atividades e pagar funcionários.

Para esse estudo, a APSA levantou dados de mais de 2800 condomínios representando cerca de 20% dos condomínios administráveis da capital carioca.

 

Antes da pandemia do novo coronavírus, a média de inadimplência no estado era de 7%. E a tendência parece de alta. Os dados parciais de maio já apontam para cerca de 17% de cotas não pagas.

— Os condomínios muitas vezes não têm caixa para lidar com esse problema e precisam pagar funcionários e manter o seu funcionamento. As sanções para quem não paga continuam, não houve nenhuma mudança judicial. Mas, recomendamos aos condomínios que negociem o parcelamento ou invistam em soluções financeiras — afirma Edgar Poschetzky, gerente geral de Gestão Condominial da APSA.

Uma solução proposta pela empresa de gestão é a venda do crédito em atraso para fundos de crédito. Em parceria com a gestora G5 Partners, eles estão lançando um fundo de crédito para garantir o valor total da cota condominial dos inadimplentes pelos próximos 12 meses.

— Temos procurado junto com os síndicos auxiliar com as medidas de contenção de despesas. É hora de calma, buscar soluções que privilegiem reduzir os custos, mas sem afetar a vida de todos. Os condomínios tem que funcionar. Imaginem condomínio sem portaria, segurança, água, energia, limpeza? Temos que evitar afetar também a vida dos funcionários — destaca Fernando Schneider, diretor-superintendente da APSA.

Sanções para os inadimplentes ficaram mais rígidas
Nos últimos anos, o entendimento jurídico tem sido de que o condômino que não paga sua cota está prejudicando os demais. Desta forma, e desde o novo Código Civil de 2016, os processos de cobrança têm sido mais rápidos e mais eficientes na cobrança das dívidas. Em caso de não pagamento do crédito judicial, em último caso, é feito o bloqueio de contas bancárias e o imóvel é posto a leilão para pagar o valor devido. O processo todo pode ser concluído em cerca de um ano e meio.

— O condomínio não é nada mais do que um rateio entre os moradores. Neste sentido, não acredito que a justiça pense em dar descontos aos que tem dificuldade de pagamento, porque isso onera outros. É importante negociar desde já para evitar chegar a uma situação judicial, é o melhor para todas as partes — afirma advogado especialista em Direito Imobiliário Hamilton Quirino.

Os condôminos com dificuldades de pagamento podem sugerir em reuniões virtuais o corte de custos, uso de fundo emergencial e propostas de parcelamento.