Condomínio maior que aluguel deixa "gigantes" abandonados no Centro

Em um apartamento anunciado em site, o custo do aluguel é R$ 1.200 e o condomínio sai por R$ 1.300

Quem procura imóveis para alugar no Centro de Campo Grande, principalmente, apartamentos maiores, muda rapidinho de ideia por conta da taxa de condomínio, muitas vezes, mais cara que o valor da locação. Essa diferença aumenta a cada ano a quantidade de imóveis "gigantes", com até 300 metros quadrados, que estão encalhados há mais de 5 anos na região central, sem interessados na locação.

É o caso, por exemplo, de imóvel de 225 metros quadrados, por R$ 1.200, em edifício situado na Rua 13 de Junho, onde a taxa de condomínio custa R$ 1.300.

Na Afonso Pena, outra pegadinha confunde quem só olha o valor do aluguel. Quase em frente a Praça do Rádio Clube, a locação é de R$ 500 e a taxa de condomínio de R$ 964,00. Quase o dobro do preço. O anúncio mostra que é um apartamento enorme, com sala ampla, suíte com armário, 2 quartos, banheiro social, cozinha com armário, área de serviço, banheiro de serviço, despensa, garagem para 1 carro, mas nem piscina tem.

Na Rua 25 de Dezembro outro choque na comparação. Quem quiser viver em um apartamento de 236m² vai ter de pagar R$ 1.800 de aluguel e R$ 2.205,00 de condomínio.

Essa discrepância entre a aluguel e taxa de condomínio é mais comum do que se imagina. Não apenas em Campo Grande, mas nas principais capitais do País.

De acordo com o presidente do Sindimóveis-MS, João Araújo, o alto valor de alguns condomínios está ligado ao custo de morar em prédio, ainda mais se for mais na área central. “O ideal é buscar negociação coletiva para baratear ou não ter reajuste proposto. O condomínio cobrado é pra cobrir custos de manutenção, como de elevador, porteiro e etc. O centro nunca esteve tão evidência. Morar nesta região tem os prós e contras”, avalia.

Ele explica que muitas vezes o que encarece o valor de condomínio em prédios antigos são as benfeitorias que precisam ser realizadas, como modernização de algumas partes do prédio como fachada, área social, área de lazer, garagens e pinturas. “As vezes entra como taxa extra as benfeitorias mas aí, isso depende das assembleias realizadas pelo síndico”, enfatizou.


O presidente do Sindimóveis alega ainda que no caso dos valores de condomínios, as imobiliárias não interferem . “Todo condomínio tem seu diretor ou síndico aí quem decide os valores são os condôminos”, explicou.

Mudança de hábitos

O presidente do Secovi-MS (Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul), Marcos Augusto Netto, concorda com o alto valor do condomínio ligado as estruturas destes prédios mais antigos, que estão situados principalmente na área central. “São imóveis com até 600 metros quadrados cada, um apartamento por andar e muitos tem pessoas idosas morando. Então quando a pessoa chega tem manobrista, muitos com porteiros 24 horas, entre outros benefícios. Tudo isso encarece o condomínio”, destacou.


O custo da mão de obra nos prédios é um dos mais elevados na conta do condomínio, explica o presidente do Secovi-MS. “Isso sem contar a manutenção que em prédios mais antigos e mais cara e com menor número de apartamentos por prédio”, salientou.

Netto destaca ainda que nestes locais praticamente não existem áreas de lazer porque os hábitos mudaram muito desde o período em que eles foram construídos. “Não tem piscinas porque antes as pessoas iam até os clubes, e nem salões de festas, porque elas eram feitas em casa. Hoje estes hábitos mudaram e os chamados condomínios clube com academias completas, pet-shop, salão de beleza, vários salões de festa é que estão em alta no mercado”, avalia.

Em contrapartida, diz, o tamanho dos apartamentos reduziu muito e o rateio fica mais barato nestes grandes aglomerados. “É o mercado que está mudando”, concluiu.