Conflitos condominiais exigem jogo de cintura

Para o presidente do Sindicato dos Condomínios Prediais do Litoral Paulista, uso das unidades e desconhecimento das normas internas dos prédios levam a discussões

 

Se administrar uma casa e seus moradores já é uma tarefa árdua, cuidar de um condomínio pode ser um trabalho mais difícil. Ainda mais quando parte da função de síndico exige resolver atritos entre vizinhos e fazer com que as pessoas respeitem as normas para a convivência ser tranquila.

Para o presidente do Sindicato dos Condomínios Prediais do Litoral Paulista (Sicon), Rubens José Moscatelli, temas que constantemente levam a conflitos envolvem uso das unidades e desconhecimento das normas internas dos prédios.

“Há uma série de limitações, como a de moradia coletiva dentro de um condomínio, no caso das repúblicas. Ou, ainda, da permissão para animais ou horários de atividades. As pessoas mostram desconhecimento das regras que regem o condomínio onde moram”, comenta.

Moscatelli afirma que, em geral, o síndico tem que se profissionalizar para conhecer as ferramentas e o que pode ou não fazer. “Muitos acabam virando ditadores, quando, na verdade, deveriam conhecer e divulgar aos outros moradores a convenção coletiva.”

Punições

Além do regulamento interno do prédio, o Código Civil estabelece punição a quem infringir as regras de boa convivência, que pode ser de até cinco vezes o valor do condomínio. E se o morador descumprir reiteradas vezes as normas do prédio, essa punição pode chegar a dez vezes o valor pago mensalmente.

“Nós achamos que dentro da nossa casa não é preciso dar satisfação de nada a ninguém. Mas não é assim. Precisamos seguir as leis e respeitar a harmonia do local”, destaca o representante do Sicon.

Soluções

O primeiro passo para resolver os conflitos entre vizinhos é que eles procurem o síndico. Se isso não for o suficiente, o caminho é a Justiça.

“Muitas vezes, a questão não é administrativa ou financeira. Isso se resolve com boa gestão. O desafio de quem está no comando do condomínio é administrar os egos dos moradores. Representa o maior desgaste”, conta a síndica de um prédio da Ponta da Praia que não quer se identificar para não comprometer as relações com os vizinhos.

Habilidades

O morador do José Menino João Roberto Nogueira, de 74 anos, sabe que exercer a função de síndico exige uma habilidade extra.

“Você nunca pode dizer não a um morador. Tem que ser político para resolver os problemas com uma boa conversa, sem dar a negativa ao morador”, ensina ele, que é síndico há 23 anos.

Ele afirma que as queixas mais comuns que recebe estão relacionadas a vagas nas garagens e a barulho no condomínio.

“A gente explica que determinada situação não pode prosseguir e que não é o síndico negando algo, mas a regra que determina. Se, na conversa, não for possível resolver a pendência, a gente lembra que tem a possibilidade de aplicação de multa. Quando fala em mexer no bolso, normalmente tudo se acerta”, relata Nogueira.