Rafael Lauand, de 28 anos, é o fundador da LAR.App, uma startup que usa um aplicativo para administrar os imóveis
“Em cada empresa que passei, tive uma frustração diferente”, diz o empreendedor curitibano Rafael Lauand, 28 anos. O rapaz de braços tatuados parece jovem para tanta bagagem corporativa. Com duas pós-graduações no currículo (finanças e ciência de dados), ele começou como estagiário na América Latina Logística.
Depois, virou trainee na KPMG e no Itaú BBA, mas não se sentia em casa. “Em bancos de investimento, a felicidade é o bônus no fim do ano. Um dia de recompensa, entre 365, não pode fazer alguém feliz”, ele diz.
Rafael caiu fora e entrou na Easy Taxi. Um ano depois, acabou contratado pela Vá de Táxi, um aplicativo da Porto Seguro. Ali virou CEO (aos 25 anos), mas achou que sua atuação estava amarrada demais à seguradora. Pulou para o iFood, como chefe de novos negócios. Oito meses depois, por divergências sobre a estratégia da marca, abriu mão de um bônus de US$ 1 milhão em ações (que o prenderia por cinco anos no cargo) e pediu demissão.
Virou CFO da Vitta, uma central de prontuários médicos online. Mas, após um ano de ótimos resultados, ele se desentendeu com os sócios e pediu as contas.
A partir de 2018, decidiu que faria negócios à sua maneira. Encontrou uma ideia, criou um MVP (produto viável mínimo) e lançou no mercado a LAR.App, uma administradora de condomínios em forma de aplicativo. “Esse mercado é muito arcaico. As oportunidades eram evidentes para quem investisse em automatização.” Rafael testou o produto em prédios de amigos e familiares. A busca por clientes de verdade começou em agosto passado. De lá para cá, a startup fechou contratos com dez condomínios e transacionou R$ 3 milhões. Ainda não dá lucro, mas esse não é o objetivo no momento. “Queremos ganhar escala e criar novos serviços”, diz Rafael.
Até agora, foram investidos apenas R$ 100 mil na empresa. O segredo para gastar o mínimo foi formular um bom protótipo. “Antes de ganhar escala, é preciso ter certeza de que o produto e a tecnologia são bons. O truque é errar rápido e consertar rápido”, ele diz. Outro conselho é achar um nicho com pouca concorrência e muitos problemas. “Poucas coisas são mais chatas que uma administradora. Mas é um mercado de R$ 42 bilhões no Brasil — e não é difícil reinventar um negócio tão antigo”, ele conclui.