A pedido do Ministério Público do Rio, a Justiça concedeu liminar que impede obras e novas construções no condomínio dos prédios que desabaram
José Bezerra de Lira, o Zé do Rolo, é investigado pela Polícia Civil como suspeito de ser o dono dos prédios que desabaram. Moradores disseram que ele construiu os dois edifícios. A reportagem tentou falar com ele por telefone, mas não teve resposta.
O aplicativo do celular de José Bezerra diz que o último acesso foi horas depois do desabamento: a última sexta-feira (12), às 17h08.
Um dos prédios que desabou tinha anúncios na internet. No panfleto, constava o nome da imobiliária e o contato dos corretores. A equipe de jornalismo da Globo esteve nesta quarta-feira (17) em dois endereços de Renato Ribeiro, apontado como um dos vendedores. Mas ele não foi encontrado. A equipe também não conseguiu falar com ele pelo telefone, nem com Juciléia Santos, a outra vendedora.
A pedido do Ministério Público do Rio, a Justiça concedeu uma liminar que impede obras e novas construções no condomínio dos prédios que desabaram. Os promotores dizem que houve loteamento ilegal, construções irregulares e destruição de vegetação numa área de preservação permanente.
A Justiça estabeleceu uma multa pessoal ao prefeito Marcelo Crivella, no valor de R$ 10 mil por dia, caso a Prefeitura do Rio não cumpra a determinação. Desde 2005, a Prefeitura do Rio disse ter emitido 17 multas contra construções irregulares no condomínio. O Jornal Nacional teve acesso aos talões de 11 dessas multas, que estão em nome de José Abrahão, que já estava morto neste período.
Documentos obtidos pelo Jornal Nacional em cartórios mostram que, em 2002, um terreno, no mesmo endereço do condomínio, foi herdado pelos filhos de José Abrahão: Antonio Henrique Abrahão e Maria Jose Abrahão Aminger. E que, em 2009, o imóvel foi penhorado por uma dívida de IPTU com a Prefeitura do Rio. Uma decisão de 2015 suspendeu o processo após o início do parcelamento da dívida, sem cancelar a penhora.
Na Muzema, nesta quarta-feira, os bombeiros encontraram mais quatro corpos, subindo para 20 o número de mortos. Três pessoas ainda estão desaparecidas.
Essa é a situação do condomínio que, no primeiro anúncio, convidava os moradores: "Construa aqui seu sonho de viver com qualidade e em paz com a natureza!".
A Prefeitura do Rio ainda não se manifestou sobre a decisão do Ministério Público e a equipe do JN não conseguiu falar com os citados na reportagem mesmo após o fechamento da matéria.