Para onde está indo seu condomínio?
Quem mora em condomínio sabe que é praticamente impossível se isolar dentro do seu apartamento e não se envolver com assuntos do coletivo.
Por mais discreto e reservado que seja, em um momento ou outro você vai ter que interagir com seus vizinhos.
Não falo aqui apenas das Assembleias, que muitos fazem questão de não comparecer por julgarem um evento cansativo e propenso ao desentendimento. Falo de um elevador que trava com alguém dentro, falo de perder algum objeto pessoal na garagem do prédio, falo da lavação da fachada, da instalação de antena coletiva, falo da dedetização, enfim, falo de assuntos corriqueiros e que precisam chegar ao conhecimento de todos.
O síndico geralmente é o catalisador das informações. Comunica a quem possa interessar e leva as notícias ao coletivo. A qualidade da informação tem efeito aglutinador entre um conjunto de pessoas, como prova de unidade e de parceria.
Porém, quando as informações viram “fofoca”, o efeito é o oposto. Divide os moradores em blocos, ou “panelinhas”. É a briga do casal, é a fonte de recursos para troca do carro, é a adolescente que fez festa em casa na ausência dos pais, enfim, assuntos particulares que acabam circulando indevidamente entre os vizinhos.
Geralmente, os assuntos privados são os que correm com maior velocidade, e comumente com distorções, fazendo do condomínio um ambiente nocivo para as vitimas das fofocas.
As pessoas quando envolvidas por assuntos de outrem, acabam revelando seu pior lado, talvez esse fenômeno seja para disfarçar suas próprias limitações ou culpas ocultas. Talvez Freud explique.
O condomínio vai virando um ambiente hostil, e dependendo de como a fofoca se alastre, pode acabar virando caso de polícia, pode denegrir a imagem de alguém, pode gerar processos por danos morais e consequentemente resultando em perda de qualidade de vida e ainda desvalorizando o patrimônio.
Para que isso não ocorra, é importante para o síndico coibir esse tipo de assunto. Ser discreto e jamais fomentar assuntos que não sejam de interesse coletivo. Contudo, isso não depende somente do síndico, ou melhor, quase nunca depende do síndico. Mas ele como autoridade que representa o coletivo, deve ser o primeiro a combater as condutas impertinentes.
O condomínio, como uma sociedade mais próxima nossa, deve ser um lugar que incentive o respeito mútuo, a ajuda desinteressada e o convívio com as diferenças.
Martinha Silva é graduada em Administração, especialista em Gestão de Pessoas, gestora condominial em Itajaí e escritora.