Para não comprometer a edificação, o condomínio precisou construir uma estrutura independente para a instalação do maquinário
Sinônimo de praticidade para muitos moradores, a presença do elevador nos edifícios ultrapassa a linha do conforto. Além de agregar valor aos imóveis, algo em torno de 20%, o equipamento proporciona principalmente acessibilidade e qualidade de vida às pessoas com mobilidade reduzida. Mas antes de dar início à instalação, os prédios antigos precisam passar por uma verificação de viabilidade técnica. Caso a utilização do maquinário não tenha sido considerada no projeto inicial, como já é prática nos mais atuais, em muitos casos há a necessidade da construção de uma estrutura paralela para não expor a edificação existente a esforços extras.
Um bom exemplo dessa situação vem do Conjunto Residencial Rozane, localizado no bairro Trindade, em Florianópolis, construído em 1989 com 48 unidades, divididas em três blocos. Após identificar que a maioria dos proprietários estava alugando os seus imóveis por causa do incômodo com as escadas e mudando para outros condomínios, a administração conseguiu atender a um desejo antigo dos moradores. De acordo com a síndica Maria de Fátima Della Pasqua, o primeiro passo foi estabelecer uma comissão de obras composta por seis moradores, que prestaram assessoria à gestão do início ao fim, ficando responsável pela aprovação de todas as compras e controle dos orçamentos.
O hall de entrada antes e depois da instalação do elevador no residencial Rozane, administrado pela síndica Maria de Fátima Della Pasqua
“Por várias vezes o assunto elevadores foi abordado em outras gestões, mas em nenhum momento houve êxito. Então, finalmente em 2014 conseguimos que a assembleia deliberasse a favor da compra dos três elevadores. Com isso, iniciamos o rateio logo após a aprovação e só demos o start da obra em 2018, quando estava tudo pago”, explica a gestora. No total, o investimento foi em torno de R$ 450mil, entre mão de obra e material, sendo que só os equipamentos custaram R$ 240 mil. Em fase de acabamento, o espaço será inaugurado em abril, após nove meses de obras.
Estrutura adequada
Para dar início ao processo de instalação de um elevador é necessária a realização de uma análise preliminar que determine as especificações da edificação já existente, bem como o cálculo das cargas adicionais que serão empregadas. Entre os possíveis entraves, destaque para as limitações arquitetônicas, que raramente apresentam espaços ociosos no empreendimento, ideais para a execução do fosso.
No caso do empreendimento citado acima, a construtora na época da sua fundação deixou um vão entre os blocos, espaço suficiente para a execução da obra. Assim, para não comprometer a estrutura existente, foi construída internamente uma torre de alvenaria partindo da garagem. E, para lidar com a falta de espaço, as cisternas tiveram que ser diminuídas, já que parte delas invadia o local onde foi construído o poço do elevador.
“Para que tivéssemos mais segurança, a primeira providência foi entrar em contato com o engenheiro que projetou o condomínio para nos certificarmos que havia viabilidade para a instalação dos elevadores. A partir daí então escolhemos a empresa para fazer o projeto arquitetônico e o engenheiro que iria comandar a parte estrutural. Diante dos dois projetos prontos iniciamos a escolha da empresa para execução”, descreve Fátima.
A adaptação do empreendimento foi realizada sob a responsabilidade dos engenheiros Márcio Marques Vieira e Carlos Alberto Ferrari, da MVF Engenharia, contando ainda com a fiscalização do engenheiro Rodrigo Nunes Gomes. “Foi uma obra bastante interessante, pois utilizamos uma área que servia como túnel de iluminação do hall de entrada. E, como uma das principais preocupações era que a implantação do elevador não causasse qualquer dano de sobrecarga a estrutura existente, aproveitamos esse espaço para projetar dentro da construção antiga”, explica Vieira. Nesse caso específico, a arquitetura interna do prédio favoreceu a instalação do equipamento, mas os especialistas destacam que nada impede que outros condomínios façam uma estrutura externa anexa à já existente, e através dela se conecte com os andares, usando até mesmo passarelas.
Como dar o primeiro passo
● Esteja ciente de que é preciso muito empenho para conseguir reunir o maior número de proprietários para a assembleia de aprovação.
● Consiga contato com o engenheiro projetista do condomínio para saber se há viabilidade. Uma das grandes dificuldades nesse tipo de intervenção está na apuração das informações referentes aos projetos originais da edificação.
● Busque profissionais especializados e com ótimas referências.
● É fundamental constituir uma comissão de obras para ajudar o síndico. Sozinho não tem como dar conta de todas as demandas.