Compostagem em condomínio

Condomínio residencial produz 30 toneladas de adubo natural por mês a partir de sobras de poda de árvores, em Goiânia

 

Um condomínio de luxo de Goiânia produz por mês cerca de 30 toneladas de adubo natural advindo de podas de árvores recolhidas de cada jardim e área verde do residencial. O chamado "lixo verde" consiste em galhos, gramas e folhas, que são recolhidos na limpeza feita pelo condomínio.

O condomínio possui 740 residências e 3 mil moradores. De acordo com o supervisor do Núcleo de Conservação, Limpeza e Meio Ambiente do condomínio Aldeia do Vale, Eustáquio Teixeira Júnior, o processo consiste no recolhimento do chamado lixo verde das propriedades individuais e das áreas de convivência.

“Alguns cuidados devem ser tomados durante o processo, como a separação de certas impurezas, como plásticos e certos tipos de galhos que não podem ser triturados pelas nossas máquinas”, diz Eustáquio.

Segundo ele, objetivo é fazer com que o lixo verde transformado em adubo natural diminua o volume dos aterros sanitários, promovendo o retorno da matéria orgânica ao solo sem uso de aditivos químicos.

Segundo dados da pesquisa Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil foi responsável pela geração de 78,4 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos em 2017.

A associação destaca ainda que o maior produtor de lixos da América Latina é o Brasil. No Centro-Oeste, a produção de mais de 15 mil toneladas por dia de resíduos sólidos tem como destino principal os lixões e os aterros sanitários de 467 municípios da região.

Segundo a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Goiânia é responsável pela produção de 34,6 mil toneladas de lixo orgânico por mês, e parte desse lixo poderia ser reaproveitado de alguma forma.

Uma das alternativas é a compostagem, que é um processo natural em que micro-organismos, como fungos e bactérias, são responsáveis pela transformação do lixo verde (podas de galhos, gramas e folhas) em fertilizantes oriundos de composto orgânico, que podem ser utilizados como adubo.

Processo
O condomínio Aldeia do Vale realiza o processo em Goiânia há dez anos. Dentro dele são gerados cerca de 153 toneladas de lixo verde por mês. O material é recolhido diariamente em cada casa e levado para uma área de 25 mil m² que fica ao lado do empreendimento.

Após o recolhimento do material, ele passa por três fases até se transformar em material fertilizante. São produzidos cerca de 30 toneladas de adubo todos os meses, que são disponibilizados aos moradores e também utilizados nas áreas verdes do condomínio.

Na primeira fase, os restos de poda são mantidos sob uma temperatura de cerca de 40 ºC, responsável pela proliferação de fungos e bactérias. A segunda é a etapa mais longa do processo, quando ocorre o aumento natural das temperaturas entre 65 ºC e 70 ºC, responsáveis pela eliminação de agentes patogênicos.

Por fim, há a maturação, quando a matéria orgânica se transforma em fertilizante que pode ser utilizado como adubo em hortas e jardins.

O supervisor conta que a decomposição do material leva de quatro a seis meses, dependendo dos períodos de chuva e seca, e conta com duas máquinas trituradoras para diminuir o volume do lixo verde que chega na compostagem e acelerar a decomposição do material.

“Nós poderíamos usar aditivos químicos para acelerar o processo, mas optamos por um processo totalmente sustentável”, explica o supervisor.

A produção também é sustentável no quesito economia. O supervisor do Núcleo de Conservação, Limpeza e Meio Ambiente do condomínio informa que os gastos fixos com funcionários, combustíveis e aluguel do terreno de 25 mil metros quadrados fica em torno de R$ 8,5 mil por mês.

“Caso não acontecesse o processo de transformação do lixo verde em adubo, o custo de descarte seria de quase R$ 46 mil, entre taxas de transporte e depósito no aterro”, calcula.

A economia estimada com a compostagem é de R$ 37 mil mensais, cerca de R$ 446 mil por ano.

“Além de deixarmos de gastar com o envio do material para os aterros sanitários, a economia passa a ser maior se consideramos que deixamos também de gastar para adquirir adubo. Porém, o principal benefício é a sustentabilidade ecológica, o retorno desse material para a natureza sem impacto químico”, afirmou o supervisor.