Em Sorocaba, as galinhas já estão caçando escorpiões em pelo menos cinco condomínios. Morador encontrou 65 escorpiões no quintal de casa, em 15 dias
Em partes do interior de São Paulo, uma infestação de escorpiões virou um problema de saúde pública. E isso fez desaparecer do mercado um predador natural dessa praga.
Se tem ovo no ninho, tem galinha chocando, e os pintinhos, que ainda nem nasceram, já foram vendidos. Alguns, com apenas dez dias, também não vão ficar no local. Logo vão ciscar em um terreno que está infestado de escorpiões.
Heloísa Rodrigues Nunes, criadora de aves: Eu estou colocando os ovos para chocar nas nossas galinhas e vendendo o pintinho, eu estou vendendo o filhotinho da angolinha.
Repórter: Está vendendo bastante?
Criadora de aves: Graças a Deus.
A galinha-d’angola é nativa da África, e o escorpião é um dos alimentos preferidos dela. Em Sorocaba, no interior de São Paulo, as galinhas já estão caçando escorpiões em pelo menos cinco condomínios. Num deles, elas até se reproduziram.
As 30 galinhas-d’angola que ficam num condomínio conseguiram afastar os escorpiões do local. Antes delas chegarem, vez ou outra aparecia um bicho. Agora, faz tempo que eles não são vistos. Esse método natural de acabar com os escorpiões tem se espalhado pelo interior e a procura aumentou tanto que agora está faltando galinha-d’angola no mercado.
Em uma loja, o estoque acabou. "Tem uma lista de espera. Você faz o pedido e quando chegar a gente já liga para o cliente e avisa que chegou", conta a vendedora Angela Romero.
A galinha-d’angola não come só escorpião, ela não cisca o tempo todo o terreno para tentar achar o bicho, mas quando o encontra, ele não tem chance. "Elas cercam ele e num devido momento elas pegam pelo rabo. Então elas já começam a alimentação pelo próprio rabo dele", explica o biólogo Hélio Pereira Junior.
A explicação para tanto escorpião pode estar nas temperaturas altas. Com o calor, eles saem dos esconderijos e se reproduzem com mais facilidade. Em todo o país, de janeiro até agora foram registradas mais de 90 mil picadas de escorpião. Só em São Paulo, 16 mil.
Em Sorocaba, a cozinheira Osana de Oliveira foi picada dentro de um ônibus: "Eu senti algo subindo pela minha perna, aí senti a picada. Aí começou a doer, travou minha perna e eu comecei a bater a calça, daí o escorpião caiu.”
Na casa do músico Cristiano Siedler Miano, não tem quintal para soltar galinha-d’angola, porque se tivesse.... Em 15 dias, ele encontrou 65 escorpiões: "Se não parar, vou ter que sair daqui, não vou ter outra alternativa. Não é uma coisa normal. Sessenta e cinco é muita coisa”.