Síndico profissional é novo nicho de mercado e vira tema de livro
Muitos condomínios sofrem com a falta de candidatos a síndico voluntário. A recusa, via de regra, vem acompanhada de justificativas, como falta de preparo, vocação e, principalmente, disponibilidade. Diante do quadro, se abriu uma lacuna que vem sendo preenchida pelo chamado síndico profissional. A novidade é que o mercado está cada vez mais atrativo para quem pensa em investir na nova função.
“Vivemos um momento de transição. Por força da lei, todos os condomínios – sejam residenciais, empresariais ou mistos – precisam ter um síndico. O modelo tradicional, do morador voluntário, nem sempre tem prevalecido, o que abriu a possibilidade de um novo campo de trabalho e obtenção de renda em época de crise econômica”, aponta o consultor Vander Ferreira de Andrade, que acaba de lançar o Manual do Síndico Profissional, pela Editora Nelpa, e concedeu entrevista ao canal RDtv para falar sobre o tema.
A vantagem do novo modelo está no desenvolvimento de um novo patamar, profissional e impessoal, na hora de encarar questões burocráticas e as relações entre moradores. Desde 2002, o novo Código Civil permite que síndicos não necessariamente residam nos condomínios. Com isso, muitas pessoas passaram a se organizar e oferecer os serviços de gestão e sindicância profissional.
Com o interesse dos condomínios e a busca pela profissionalização, surgiram cursos de capacitação. A recomendação é que os interessados em investir na área, seja para complementação de renda ou como aposta em uma única fonte de recursos financeiros, se tornem pessoas jurídicas e procurem locais confiáveis para se capacitar.
Pró-reitor de Administração e Planejamento da Fundação Santo André, Andrade pretende levar para a universidade, em breve, o curso que oferece em conjunto com outros três profissionais. Segundo o consultor, o síndico profissional precisa entender, entre outras coisas, de normas de incorporação imobiliária, convenção e regulamento do condomínio, além do Código Civil.
A revolução tecnológica, por exemplo, é algo que tem impactado condomínios dos mais diferentes perfis. Atualmente, as novidades no setor vão de portarias eletrônicas a aplicativos de gestão condominial. “É necessário ter informação, competência e habilidade, pois o desafio não é pequeno. Também estabelecer um vínculo e um canal de comunicação com o condomínio”, diz o autor.
Advogado criminalista, Andrade começou a se envolver com o universo dos síndicos diante de inúmeros processos que seu escritório passou a encaminhar e que envolvem crimes na gestão de condomínios. Com o aprimoramento, vieram consultorias, vivências e a capacitação de mais de mil síndicos profissionais em todo o Brasil nos últimos cinco anos.
Renda e regulamentação
Os ganhos financeiros de um síndico profissional variam, mas a remuneração inicial está na faixa de R$ 3 mil para a gestão de um condomínio de 40 a 60 unidades, com taxa condominial entre R$ 300 a R$ 500. “O momento é dos síndicos preparados, inclusive, muitos que já foram voluntários têm aproveitado para transformar a bagagem em renda”, comenta Andrade.
Há casos em que o salário de um síndico ultrapassa os R$ 10 mil, pois há condomínios com até 20 torres – o que exige até subsíndicos por torre. “Não é mais a gestão do armazém, é a gestão do supermercado. Embora não seja na prática, um condomínio tem as mesmas exigências legais e trabalhistas de uma empresa e o síndico responde civil e criminalmente por qualquer problema”, ensina.
Atualmente, tramitam no Congresso projetos para regulamentar a profissão de síndico, fato que gera controvérsias. Os contrários à medida entendem que os condomínios devem seguir com a liberdade de escolher pessoas sem capacitação específica para a função e que a exerçam, voluntariamente, mediante salário ou a isenção de taxa condominial, como costuma ocorrer.
Para Andrade, a tendência é que a profissão seja regulamentada. A sindicância profissional não é pré-requisito, ainda não se pode exigir curso ou registro. “Mas sinalizo que qualquer candidato a síndico busque, ao menos, uma formação de nível superior. Pelo que tenho acompanhado, esse será o ponto de partida”, afirma.