Colônias de férias resgatam a magia das brincadeiras de rua e ajudam a afastar os pequenos da tecnologia
Brincar na rua do amanhecer até o anoitecer gera a nostalgia das gerações marcadas pelos grupos de amigos do bairro que saíam de casa para se divertir. Desses momentos, a memória das experiências que fizeram amadurecer com saúde. Já as gerações mais novas vivem os desafios da disputa com a tecnologia e da insegurança fora dos muros, tornando a infância menos ativa. Para aliviar essa tensão, as colônias de férias trazem brincadeiras antigas para o presente.
Em alguns condomínios horizontais de Londrina, a iniciativa parte dos próprios moradores. "As mães e pais se reuniram com a ideia de montar uma colônia de férias, porque nesse período as crianças ficavam muito em tablet, computador. Então, nós conversamos com a equipe responsável pela assessoria esportiva do condomínio", explica Joseane Monteiro de Oliveira. Ela têm três filhos: Letícia, 15; Lucas, 5; e Felipe, 2. Os dois maiores já participaram do evento no condomínio onde moram, na zona sul.
A proposta foi montada de acordo com a faixa etária de cada grupo. Os profissionais contratados coordenam as atividades executadas em 4h30 por dia. "Formamos blocos de 30 minutos para cada brincadeira. São atividades lúdicas, como pega-pega, bola queimada, pintura, todas relacionadas a atividade social e esportiva", explica Fábio Morais de Sousa, responsável pela Wfit, empresa de assessoria esportiva em condomínios.
A colônia une o útil ao agradável, principalmente nas férias de julho, quando a maioria dos pais não têm descanso do trabalho. "Os pais querem que as crianças saiam da frente do computador e elas querem brincar. Se ficam no computador ou celular é porque não têm estímulo. As crianças têm uma motivação natural para a brincadeira, são necessitadas de atenção", argumenta Sousa.
Brincar, correr, pular, gritar. "Ela chega toda feliz contando que conheceu novas pessoas, que adorou, que fizeram a partilha do lanche. Chega animada, se suja muito. É criança sendo criança", conta a dentista Joseane Demuner Massarutti sobre a filha Maria Eduarda, 7, que já vai para a quarta colônia.
Para ela, a colônia de férias não é uma questão de necessidade, mas de opção. "Eu tenho com quem deixar minha filha, mas quero que ela se divirta nas férias dela. Ficando com uma das avós, acabaria dentro do apartamento", argumenta. Além disso, é uma oportunidade para se relacionar. "Faz amigos, conheceu várias vizinhas. Ela nem gosta de viajar quanto tem colônia, fica esperando", ri a mãe.
As colônias são uma forma de trazer as brincadeiras antigas para o presente com segurança. "Na minha época, meus pais sempre trabalharam, mas eles tinham aquela tranquilidade que se eu estivesse brincando na rua com o vizinho não era tão perigoso. Hoje em dia não deixam nem o filho sozinho em casa", compara Joseane Oliveira.
As brincadeiras antigas voltam à tona para promover a saúde, tanto no aspecto físico quanto social. E às vezes não precisa muito. "A gente não foge daquilo que fazia antigamente para que as crianças novas entendam. Não tem muita diferença, o que tem são cânticos novos, mas as brincadeiras são as mesmas", explica Fábio de Sousa.
No fim, criança é tudo igual. Gostam de diversão, de correr e pular, de fazer amigos. "Uma palavra que explica tudo isso é a socialização. Alguns se conhecem na colônia e depois estão presentes nos aniversários uns dos outros", argumenta Sousa. A colônia começa nas férias, mas não termina nelas.