O agressor, um servidor da Caixa Econômica Federal, chegou a ser levado para a delegacia na noite desse sábado (10/2), mas foi liberado
Protetores dos animais se mobilizaram na madrugada deste domingo (11/2) para tentar resgatar uma cachorrinha que foi espancada pelo seu dono na Asa Norte. O homem acusado, um servidor da Caixa Econômica Federal, chegou a ser levado para a delegacia na noite de sábado (10), mas foi liberado ao assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência, pelo qual se compromete a se apresentar à Justiça. O problema, segundo as autoridades, é que o animal segue sob os cuidados do agressor.
Câmeras de segurança de um prédio da 312 Norte flagraram o momento em que o homem, identificado como Hudson Batista de Melo, joga a cadela contra a parede do corredor do condomínio. Assustados com o barulho, os vizinhos denunciaram o caso à Polícia Militar. Ao chegar no local, a PM levou o suspeito à 5ª Delegacia de Polícia (área central).
Segundo explicou em seu depoimento, Melo cuida do animal há seis meses e “sempre o tratou bem”. Conforme relatou, o dono saiu para passear com a cachorrinha, subiu para casa e, ao chegar na porta do apartamento, ela teria fugido do corredor para a área comum e descido as escadas. Disse que só a encontrou na garagem do prédio e, ao tentar pegar o bicho no colo, ele lhe deu uma mordida no dedo. Por conta disso, o servidor confessou tê-lo segurado pela pele do dorso e o arremessado.
Vizinhos e funcionários do local onde o funcionário da Caixa mora já desconfiavam das possíveis agressões. Eles costumavam ouvir latidos de dor vindos de dentro do apartamento. Até mesmo o porteiro do bloco que fica em frente ao edifício alertou o síndico.
Segundo o administrador explicou à polícia, o morador é conhecido pelo “adestramento rígido” com a cachorra, mas essa foi a primeira vez em que soube dos maus-tratos. Ele disse ter conversado com Melo. O servidor teria alegado que bebeu demais naquela noite.
O PM responsável pela ocorrência disse que entrou na casa de Hudson e viu a cadela bastante debilitada. O animal não conseguia ficar em pé. Ainda de acordo com o militar, vizinhos relataram para a guarnição que a cachorrinha estava urinando sangue. Quando questionado pela equipe da corporação, o morador teria confessado que teve um ataque de fúria e bebeu muito, mas negou as agressões.
Resgate
Neste primeiro momento, a grande preocupação dos protetores é com relação à saúde do bicho. “Ontem, eu estive no prédio. Conversei com o síndico. O relato das agressões causa náuseas. Eu tentei falar para o morador me entregar a cachorra para tratamento, mas ele se recusou. Os vizinhos contam que a cachorrinha urina só de ouvi-lo gritar. É um animal que precisa de cuidados. Tem que fazer um ultrassom”, disse a advogada e protetora dos animais Ana Paula Vasconcelos. O projeto de adoção São Francisco já se propôs a acolher a cachorrinha.
Vasconcelos fez ressalvas sobre a ação policial. “Como tem um caso como esse, e a polícia permite que o cachorro continue com o agressor? Causa muita indignação”, ressaltou.
O ideal, segundo ela, seria fazer uma busca e apreensão do animal para que ele receba os cuidados necessários. “Sei que a polícia tem as suas limitações, mas, nesse caso, eu mesma cheguei a me oferecer como fiel depositária, mas não fui atendida nem mesmo pela delegada que registrou o caso”, completou.
“É inadmissível que, com imagens tão chocantes da agressão, a cadela continue em situação de total vulnerabilidade”, acrescentou Ana Paula. O Metrópoles entrou em contato com a Polícia Civil, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.