Segundo a polícia, integrantes de uma facção criminosa invadiram o condomínio e só permitiam a permanência dos moradores que se submetessem às suas ordens
A Polícia Civil realizou uma grande operação para o cumprimento de 236 mandatos judiciais de busca e apreensão em imóveis de um condomínio inacabado no bairro Bequimão, em São Luís, na manhã desta quinta-feira (23).
De acordo com o delegado Carlos Damasceno, a operação foi organizada a partir de denúncias de moradores de bairros vizinhos.
"Esses mandados foram expedidos em decorrência deste complexo residencial ter sido ocupado por membros de facção criminosa. Os vizinhos dos bairros Maranhão Novo e outros bairros tem nos reclamado e nós iniciamos a operação. A partir desta investigação se resultou a representação da expedição desses mandados que a justiça deferiu e hoje realizamos cumprimento", declarou o delegado.
Segundo as investigações da polícia, há 6 meses integrantes de uma facção criminosa começaram a invadir o condomínio e só permitiam a permanência dos moradores que se submetessem à ordem deles.
Segundo o delegado Paulo Franco, essa é uma estratégia dos criminosos para garantir segurança no comércio de entorpecentes.
"Eles fazem isso para poder comercializar livremente drogas e cometer outros crimes. Então os moradores viam o que estava acontecendo, mas não podiam dizer sob pena de represália no sentido de até serem mortos", afirmou.
Assim que o dia amanheceu já havia dois helicópteros do Centro Tático Aéreo (CTA) sobrevoando a área. Cerca de 700 policiais participaram da operação, junto com militares, homens do Corpo de Bombeiros e cerca de 80 delegados que foram apurar denúncias de que traficantes escondiam armas e drogas no local.
Foram apreendidas fardas do exército que os bandidos usavam como disfarce para praticar ações criminosas na região.
Em um dos apartamentos os policiais encontraram Luan Alexandre da Silva , que jogou uma pistola pela janela, mas foi flagrado com a arma, drogas e dinheiro dentro de casa. Segundo a o superintendente de polícia civil da capital, Armando Pacheco, ele era um dos principais alvos da operação e foi preso no local.
"É o líder da facção em razão dessa guerra recente de duas facções criminosas que vem desde o domingo (19) com a morte de um sujeito conhecido como "Chacal" . Aqui estava sendo um alvo dessa disputa. O Luan passou a ocupar aqui com seus comparsas e impor o terror", informou Armando Pacheco.
Segundo a polícia, os invasores vão continuar nos apartamentos porque não foi expedido nenhum mandado de reintegração de posse na operação. O decorador José Raimundo Ferreira diz que os moradores já pediram à Prefeitura uma autorização para que regularizar pelo menos as ligações de água e energia.
"Quando a gente começou a ocupar aqui, nos reunimos por conta própria. Compramos cano, fio e puxamos a eletricidade. Só que quando estávamos colocando a encanação de água, a CAEMA chegou e embargou a obra. A gente conversou com eles e foi pedido que eles viessem com umna equipe para fazer a vistoria e legalizar.
Até então eles falaram que tinha que entrar em contato com a prefeitura para poder fazer isso de uma maneira correta. A gente está aguardando até hoje", reclamou o morador.
Por causa da operação, a Superintendência de Polícia Civil da Capital confirmou que todas as delegacias de São Luís só estão funcionando hoje (23) para registro de boletim de ocorrência e serviços de cartório. Todos os demais procedimentos só estão sendo feitos nos 6 plantões de polícia da região metropolitana.