Aumento de bicicletas em garagens e áreas comuns preocupa síndicos
A preocupação com o meio ambiente, a mobilidade urbana e, também, com a saúde tem provocado um crescimento significativo no número de pessoas que adotam a bicicleta como meio de transporte.
Em 2015, a primeira pesquisa nacional realizada para traçar o perfil do ciclista brasileiro, promovida pela ONG Transporte Ativo, constatou que 60% dos mais de cinco mil entrevistados aderiram a essa prática há menos de cinco anos. Essa é uma ótima notícia, mas que levanta um novo problema: onde guardar essas bicicletas dentro dos condomínios, que via de regra já enfrentam problemas de espaço e, muitas vezes, de objetos colocados indevidamente em áreas comuns ou garagens?
Vale lembrar que bicicleta, normalmente, já é uma questão problemática em edifícios residenciais. “A compra, em grande parte, se dá por impulso. Depois, o encanto é desfeito e a bicicleta fica esquecida em um canto”, afirma o síndico Marcos Antônio da Silva, do Condomínio Saint Simon, com 33 unidades, no centro de Florianópolis.
O síndico do Residencial Marbella, no Jardim Atlântico, com 80 unidades, Carlos Brasil, observa que existem duas datas em que proliferam bicicletas em qualquer condomínio: Dia das Crianças e no Natal.
“Na primeira semana, tem a alegria pelo presente. Na sequência, porém, começa o esquecimento, principalmente no inverno, quando a maioria delas fica literalmente largada pelo condomínio”, destaca.
“Outro fator que também contribui para o acúmulo de bicicletas é de ordem natural, pois a criança cresce e o modelo se torna pequeno para o seu tamanho. Os pais acabam se apegando a ela, até por ser uma lembrança da época em que o filho era menor, e não fazem a doação da antiga”.
Como agravante, o residencial não possui bicicletário. “Alguns moradores deixavam suas bicicletas estacionadas na área comum”, lembra Brasil. A solução surgiu em parceria com um dos moradores: recolher as bicicletas sem uso, consertá-las e doá-las a uma instituição sem fins lucrativos da Grande Florianópolis.
Antes de implementar a ideia, porém, ela foi discutida e aprovada em assembleia, sendo concedido um prazo para os moradores se manifestarem se queriam manter a bicicleta ou se aceitavam colocá-la para doação. Muitos deles, além de aceitar, também concordaram em ajudar financeiramente em seu conserto ou até mesmo em peças que estavam faltando. “Foi muito positivo”, resume Brasil.
O síndico Marco Antônio da Silva diz que o seu condomínio está estudando uma fórmula parecida para abrir vagas no bicicletário. “De um lado há bicicletas sem uso ocupando espaço e, no outro, moradores que adquiriram uma recentemente e não têm onde guardá-la”, explica.
Por enquanto, o assunto está sendo discutido no Conselho Fiscal, mas a intenção é levá-lo para apreciação em assembleia. “Queremos fazer tudo da forma mais transparente possível: primeiro um recadastramento, depois a notificação dos moradores e, vencido o prazo concedido, a doação para instituições ou pessoas a serem definidas pelos próprios moradores”, acrescenta.
Na hora de fazer o descarte do material, porém, é preciso bom senso. Não adianta nada doar bicicletas que estariam melhores em um ferro velho do que nas mãos de crianças e adolescentes atendidos por projetos sociais. “Em alguns casos, o conserto não compensa: com o que seria gasto, é possível adquirir uma bicicleta usada em boas condições”, observa Julio Fernandes, da Ong Bike Anjo. “A doação não pode e não deve ter como objetivo o simples descarte de entulhos”.
Quem recebe bicicletas:
Centro de Educação Popular (CEDEP) / Projeto Fênix
Atende a meninas e meninos em situação de vulnerabilidade social, contribuindo para a inserção e permanência destes na escola.
Contato: Maria Marlene
Telefone (48) 3244-7497
E-mail: coordenacaogeral@cedep-floripa.org.br
Bike Anjo Floripa
Desenvolve atividades voltadas a incentivar o uso das bicicletas. Recupera bicicletas e doa a pessoas de baixa renda.
Contato: Julio Fernandes
E-mail: bikeanjofloripa@gmail.com