Por causa do rompimento da tubulação, três cidades ficam parcialmente sem água: Taguatinga, Guará e Águas Claras
O caos provocado pelo rompimento de uma adutora nesta quinta-feira (17/8) na Estrada Parque Vicente Pires (EPVP) está longe de acabar. Além de causar transtornos a vários moradores, que tiveram suas casas inundadas, o vazamento vai deixar sem água, por tempo indeterminado, parte de Taguatinga, do Guará e de Águas Claras. As informações são da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), que não tem previsão de quando vai conseguir finalizar os reparos e reestabelecer o abastecimento de água para os moradores dessas regiões.
Representantes da estatal estão no local para averiguar o tamanho do prejuízo. Segundo o presidente da Caesb, Maurício Luduvice, houve um "rasgo" em um dos canos de ferro fundido que tem um metro de diâmetro. Ele informa, ainda, que será preciso trocar duas barras do tubo. A força da água foi tanta que blocos de concreto foram arremessados para o meio da pista.
Moradores de Vicente Pires, que vivem próximo do local do rompimento, relatam momentos de pânico. A casa do autônomo Alessandro Oliveira, 35 anos, ficou seriamente danificada por conta do alagamento. "Tive de quebrar a parede para escoar a água. Perdi sofá e eletrodomésticos", lamenta. Ele conta que acordou com o barulho do fluxo de água por volta das 5h. O horário coincide com o rompimento das tubulações, segundo a Caesb.
A analista de sistemas Vanessa Dantas, 33 anos, também levantou assustada com o barulho. A casa dela, no condomínio Village das Pedras, fica logo abaixo do ponto exato onde a adutora se rompeu. Por isso, a água desceu com velocidade suficiente para quebrar os vidros das janelas.
"Tive de quebrar outra vidraça para meus filhos de 4 e 10 anos poderem escapar", relata ela, que teve ferimentos leves no braço por causa dos estilhaços.
De acordo com a Defesa Civil, três das 28 casas do condomínio foram atingidas com mais seriedade. Nessas residências, dizem os servidores, o piso afundou em três ou quatro centímetros. Além do afundamento, rachaduras nas casas também preocupam. No entanto, o órgão afirmou que não há riscos de desabamento — apenas uma mureta pode cair. Nenhum morador precisou ser retirado, e uma nova avaliação será feita em 24 horas.
O Correio tentou avaliar os estragos no condomínio, mas foi impedido pela síndica, que não autorizou a presença da reportagem no local.
Trânsito
O trânsito entre a EPVP e a Estrada Parque Taguatinga-Guará (EPTG), próximo ao viaduto Israel Pinheiro, já normalizou. Por volta das 7h30, a reportagem do Correio precisou abandonar o carro e caminhar cerca de 200 metros para chegar ao ponto exato do rompimento das tubulações. Por causa do tráfego intenso no início da manhã, motoristas passaram por cima de canteiros centrais e fizeram retornos normalmente proibidos pela legislação de trânsito.
Alguns motoristas desistiram dos compromissos marcados para esta manhã. A estudante de jornalismo Fernanda Soraggi, 20 anos, não vai comparecer às aulas na Universidade Católica de Brasília (UCB). “Demorei uma hora só para sair de Águas Claras”, relata.
Para fugir do trânsito, moradores de Águas Claras optaram por outros meios de transporte, como o metrô. Segundo testemunhas, as filas para a compra de passagens na bilheteria estão dando voltas nas três estações da região (Águas Claras, Arniqueiras e Concessionárias).