As delícias de se mudar
E a alegria de pegar as chaves? Apesar de, há muito tempo, não fazer parte do meu dia a dia, acho que uma das coisas mais interessantes que eu tenha na memória desses anos todos de Vida Vertical é brilho nos olhos das pessoas no dia de sua primeira Assembleia no condomínio.
Quando os futuros moradores se reúnem para dar vida, de fato, àquele condomínio.
Apesar de conhecer toda a sequência e ter em mente todas as confusões que vão acontecer no primeiro ano esse dia sempre emociona.
Muitos apartamentos em reforma, aprovação das regras internas, condôminos que não se conhecem, finais de semana lotados de visitas, porque afinal, todos os novos moradores recebem família, amigos para apresentar a nova casa, orçamento que sempre precisa ser revisto, tudo isso junto com um condomínio que ainda é um canteiro de obras vai tornando o primeiro ano complicado, caótico, confuso.
Tudo isso vai acontecer, eles vão se conhecer, se desentender, se entender, construir amizades e inimizades também, mas nada supera aquele dia. Aqueles olhinhos de expectativa e ansiedade, a cabeça cheia de planos. Como a casa nova mexe com a gente. Casa nova mexe com tudo dentro da gente, porque com ela sempre chega um tempo novo na vida.
Novos planos, concretização de sonhos, famílias aumentando, mais espaço para os filhos que vão chegando, ou de outro lado a casa diminuindo e simplificando porque os filhos cresceram e casa tem que ser mais prática para gente de meia idade que tranca a porta e se manda pro mundo. Histórias, tantas histórias que eu já ouvi, cheias de esperança e otimismo.
Que privilégio poder conhecer e ouvir todas essas histórias enquanto vou construindo a minha. Histórias sempre feitas de tijolos e cimento e projetos e fornecedores e reformas e inaugurações. Toda vez que eu conto para alguém que trabalho com condomínios vejo nos olhos no interlocutor uma certa peninha de mim. A imagem que vem na cabeça de todo mundo são os conflitos, o barulho, as reuniões intermináveis, os interesses desencontrados e a o valor que passa quase desapercebido do trabalho, mesmo que ele tenha sido super bem feito.
Mas nada, nada mesmo pode superar a alegria de acompanhar tanta gente na primeira reunião de condomínio da vida. Quanto privilégio poder participar disso e sentir sempre essa maravilhosa energia do recomeço!