Edifícios com zero consumo de energia? Sim, eles existem
A perspectiva de existirem edifícios que são energeticamente neutros é fascinante, o que significa que a energia renovável que geram é suficiente para as necessidades de consumo. Também conhecidos como edifícios com consumo líquido de energia nulo (ZNE - Zero Net Energy), estão a surgir um pouco por todo o mundo, em número suficiente para que possamos começar a aprender que sistemas, controlos e abordagens são os mais eficazes na sua construção.
Para um projeto dirigido pela Associação Continental de Edifícios Automatizados (CABA), o Instituto de Novos Edifícios (NBI), uma organização sem fins lucrativos, analisou em profundidade o tema ao estudar empresas de design responsáveis por 23 imóveis, operadores de seis edifícios e moradores de sete edifícios. As suas conclusões estão registadas num webinário, bem como num relatório, “CABA Zero Net Energy Buildings Controls: Characteristics, Energy Impacts and Lessons”, que faz um estudo exaustivo do tema.
O estudo da CABA destaca a importância de controlos de dispositivos e planeamento, para conseguir edifícios com consumo nulo de energia.
Entre as conclusões está o facto de os edifícios ZNE usarem tipicamente menos 75 % de energia em comparação com um imóvel padrão de dimensões semelhantes. Usam apenas um quarto da energia de edifícios comparáveis. Este cenário leva a que, no imediato, não seja assim tão irracional pensar que é possível gerar a energia necessária para operar um edifício usando recursos renováveis existentes no local.
Contudo, o estudo torna claro que são necessários diversos fatores para a equação final. É dada particular atenção aos tipos de controlos usados em edifícios ZNE, que todos os participantes referiram ser muito importantes ou essenciais para o sucesso. Uma esmagadora maioria (91 %) dos edifícios usa sistemas de controlo que integram múltiplas utilizações finais e mais de dois terços (67 %) tem um sistema de controlo integrado em todo o prédio para lidar com todas as principais utilizações finais como a iluminação, aquecimento e ar condicionado.
Aparentemente, os designers pensam em tudo, desde controlo de luz e sombra, à maximização dos benefícios da luz natural, incluindo a cobertura automatizada para contribuir para poupanças energéticas. Os interruptores de luzes são usados mais do que os sensores presenciais e alguns edifícios dispõem de interruptores em “off” por defeito; os interruptores devem ser ligados manualmente e eventualmente desligam-se sozinhos. Uma abordagem deste tipo faz sentido para não ter espaços vazios com as luzes ligadas.
Perto de dois terços dos edifícios usam controlos plug load, com a maior parte a usar uma variedade de soluções de controlo. No entanto, os prédios não tentam automatizar tudo – cerca de três quartos dos inquiridos (74 %) afirma que os moradores são essenciais para contribuir para uma conservação energética bem-sucedida. “Os edifícios com desempenhos mais elevados têm envolvido operadores e moradores no uso de sistemas de controlos integrados e inteligentes,” diz o relatório.
O processo de seleção do design do controlo é também essencial para o sucesso. Identificar e comunicar os objetivos energéticos logo no início é crucial para o design e seleção dos controlos. Entre os principais critérios na seleção de um fornecedor de controlos, 86% referem a experiência anterior com o fornecedor, bem à frente do factor preço (57 %).
Dois terços dos inquiridos referem que os atributos da interface do utilizador e as configurações de preferência são bastante importantes ou críticas para garantir uso adequado. Esta questão faz todo o sentido, pois, se um controlo não é fácil de usar, certamente não será usado eficazmente. Provavelmente é parte da razão para que todos os participantes no estudo concordem que o operador do edifício deve ser envolvido no processo de design o mais cedo possível e permanecer até ao final.
Enquanto o estudo da CABA estava focado em edifícios na América do Norte, muitas das suas conclusões também são verdadeiras em relação a edifícios ZNE que a Schneider Electric conhece bem: The Edge, em Amesterdão, por exemplo. Quando abriu em 2015, o The Edge teve o resultado mais alto atribuído pelo Building Research Establishment (BRE) – 98,36 % – bem como uma certificação para Nova Construção de “Excelente” atribuída pela BREEAM NL.”
No The Edge, os controlos são de facto essenciais para garantir a satisfação dos ocupantes do edifício. Um ótimo exemplo é uma aplicação para smartphone que permite aos colaboradores regularem a iluminação e a temperatura nos locais de trabalho e até orientarem-se espacialmento no interior do prédio.
A aplicação colabora com os sistemas de controlos, que se encontram nos bastidores, para ajudar o edifício a ficar cada vez mais inteligente. O sistema de gestão de edifícios SmartStruxure da Schneider Electric reúne e analisa dados baseados em comportamentos dos utilizadores enquanto estes se deslocam pelas instalações e utiliza esses dados para otimizar o uso energético do edifício e facultar análises que levam a melhorias futuras. Outros tipos de controlos permitem aos gestores dirigir as operações no prédio a partir de qualquer local.
Quanto ao futuro? Seguramente a tendência para a construção de edifícios sustentáveis, com sistemas de controlo inteligentes, vai contribuir para o alcance de índices de consumo nulo de energia.